quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O Que é Poesia - Fernando Paixão

Este resumo faz parte de uma avaliação do curso de Verão, Literatura Brasileira I. Juntamente com minha colega Silvânia Sousa Lima, procuramos neste resumo entender o que é poesia, conforme a visão brilhante do poeta Fernando Paixão.

Como o uso da subjetividade se tornou essencial para a criação e inovação da poesia? O que é mais importante para o poeta? Como o poema pode se tornar uma fonte de prazer? e por fim, porque há tantas dificuldades, hoje, para se entender a poesia moderna? Estas são perguntas que procuraremos responder neste resumo.

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“Um poema começa com um nó na garganta.” (Roberto Frost)






Fernando Paixão, em seu livro “o que é poesia” diz que a “poesia se caracteriza essencialmente pelo uso criativo e inovador que se faz das palavras, expressando a subjetividade”.

Em outras palavras, Paixão mostra o relacionamento entre a linguagem e a sociedade, analisa também a função do tempo, a poesia e o seu ritmo, a imagem poética e o poema como fonte de prazer, ele procura nos passar a idéia de como acontece o momento da poesia e o efeito que ela tem sobre o poeta e as pessoas a sua volta.

Fazendo um regresso ao passado, Fernando Paixão, analisa a seleção intima e histórica, depois ele menciona que há uma mudança em como se encara a poesia, ela será usada como ampliador dos limites da experiência humana. Neste ponto ele cita como exemplo a letra da musica de Raul Seixas, em que ele se vale da poesia de Cervantes, que diz que sonho que se sonha junto é realidade.

As palavras são a união de letras sensíveis, assim começa o capitulo intitulado “Linguagem tem preço”. O autor faz uma análise sobre as palavras, elas não têm conteúdo concreto, mas abrem caminhos pelo pensamento humano. Em ambos os casos, é certo, há um conhecimento que está sendo transmitido; aliás, a poesia, tanto quanto a filosofia, a história e as artes bélicas, são também uma forma de conhecer e intervir sobre a realidade.

A atitude do poeta com as palavras é sempre imprevisível. Ele escreve um poema para expressar seus sentimentos e este pode ser longo ou pode conter apenas dois versos fulminantes que resumido consegue impactar o leitor fazendo os seus pensamentos seguirem outra direção.

O que é importante para o Poeta? A veracidade e a verdade dos fatos? De modo algum. O que importa para o poeta são seus sentimentos que expõem sua visão de mundo, e ele fará isso recriando o significado das palavras, retirando-as do seu cotidiano e colocando-as em um contexto diferente e, portanto não usual.

Então, o que marca a poesia são o uso criativo e inovador das palavras, e a expressão da subjetividade como marca registrada. As palavras tinham um uso de caráter poético no passado, porém com a divisão dos homens em escravos e senhores ou em classes sociais, forçou-se a poesia a se restringir ao domínio dos poetas.

Todos esses acontecimentos levaram a sociedade a mudar a sua visão e o uso das palavras. A palavra passa a ser usada na política e na propaganda que busca sempre resultados econômicos e sociais. A linguagem poética fica desvalorizada. No entanto, os poetas continuam a mostrar em suas palavras o desejo de liberdade, o desejo de vivenciar pessoas livres socialmente.

O prazer buscado pelo poeta, sua inspiração, é caracterizada justamente na hora em que suas idéias são expressas, no momento em que ele coloca os seus sentimentos de forma vil ou importante, ele consegue atingir o clímax de sua busca. Portanto para o poeta, o instante criador é um momento único. Longe de renunciar a vida, o poeta moderno, luta por ela, procura combater a repressão, a alienação e as injustiças sociais e ele faz isso mesmo tendo que às vezes usar a morte como sua temática.

Paixão apresenta a seguir o que ele considera como sendo uma grande dificuldade da sociedade atual, que é entender a poesia moderna. Isto se dá pelo fato das pessoas lerem poemas como se lê um jornal ou como se estuda um livro didático. Esses materiais impressos lidos pela maioria são como formas de dominação, onde se dita o que se deve e o que não se deve fazer, qual proceder é mal visto, qual a forma de se vestir, que tipo de personalidade deve-se ter, qual a comida que devo consumir e assim por diante. Com a sua letargia mental, acostumados a que os ditadores de normas os conduzam pelas trilhas do viver, se espantam ao perceberem que a poesia fala sobre dúvidas, sobre o incerto e usa expressões de subjetividade. Aterrorizam-se de verem que a poesia, embora tenha toda uma coisa de sucessão de imagens, não conduzem a um aprendizado direto, mas estimulam o uso das faculdades do pensar e procuram aguçar o senso crítico do ser que deveria ser pensante e deveria poder fazer da subjetividade o seu impulso em busca de melhorias.

Mas, o grande causador de tal situação atual se dá ao fato de as pessoas não terem acesso a poesia, estando disponível a uma pequena parcela privilegiada da população, tende-se assim a formar o quadro social poético que Fernando Paixão nos apresenta.

De forma muito interessante, o autor apresenta quatro tempos que se cruzam no momento do poema, revelando a sua concepção na questão temporal. Paixão nos fala sobre o tempo histórico-social presente no contexto ideológico do poema; o tempo pessoal do individuo do poeta, com suas experiências, existências e a sua vivencia na linguagem, que tem sido acumulado durante os anos; o tempo das imagens que aparecem no poema, onde aos poucos são revelados que o poeta tem um universo simbólico; e por ultimo o tempo rítmico da frase, onde o leitor é estimulado a um movimento imaginário no pensamento.

Fazendo uso da subjetividade, o poeta estabelece uma ponte entre ele, com seu universo simbólico e o real. Percebemos ai que todos os tempos, através do uso da subjetividade, passam a se relacionar simultaneamente dentro da realidade, possibilitando que o poeta faça a combinação dos quatro tempos, sintetizados através do tempo poético, apresentando na idéia geral do poema a união desses tempos determinantes.

O papel importante do devaneio, também é apresentado pelo autor, mostrando que através deste o poeta tem liberdade para passar entre as idéias e as coisas da realidade, sem ter que manter uma pré-organização e nem a mesma ordem temporal fixa.

O autor termina o livro dizendo que o ser poético não equivale somente a ter sabedoria para arranjar palavras, organizar versos, mas principalmente saber britar e jardinar fenômenos no mundo da vida: amizade, diferenças, solidariedade, amor, ou seja, uma possibilidade que esteja ao alcance de todos.





Referências

PAIXÃO, Fernando. O Que É Poesia. Editora Brasiliense S.A. São Paulo – Brasil.

4 comentários:

  1. Obrigada por postar sobre o livro O que é poesia de Fernando Paixão, você me ajudou e muito. Obrigada.

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  2. Obrigado por me dizer isso, Alexandra Cristina! Fico feliz que tenha te ajudado de alguma forma.

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  3. ONDE VOCÊ FEZ ESTE CURSO DE VERÃO ?

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  4. Sou Graduando de História na UFG/Campus Jataí. Este curso de verão foi feito na disciplina Letras Português, Com a Doutora em Literatura, Professora Sisterolli. Foi um aprendizado enorme esse curso de Verão.

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Por um momento estivemos juntos, ligados pelas ideias. Foi muito bom! Nos encontramos em breve! Tchau!

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