segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Sonhei

A primeira vez que eu te vi...
Foi só de relance, nem contigo eu falei.
Foi só em um aceno que te visualizei.
Mas eu já sabia que meu mundo seria seu.
Eu sabia que não havia como voltar atrás.
Você era o que o céu me prometeu.

A primeira vez que eu te vi...
Foi só por um instante,
Nem um beijo foi sentido,
Mas fiquei cheio de esperança,
Fiquei da cor do seu vestido.
Eu sabia que tudo dali pra frente
Seria uma conspiração pra juntar a gente.

A primeira vez que eu te vi...
Foi só um flash diante de meus olhos.
Mas eu já sabia que estava cego pra sempre.
Eu sabia que o verde, o jambo e o brilho
Dos seus olhos seriam as cores
Que eu continuaria a ver.

A segunda vez que eu te vi...
Senti o que é ter um coração.
Eu sabia que você era o que eu queria.
Tinha certeza de estar te amando,
Foi maravilhoso sentir aquele dia,
Foi lindo sentir você.
O coração bateu a mil e no peito explodiu.

A segunda vez que eu te vi...
Vi a paixão chegar a meu coração.
Quando você me tocou, senti o amor encontrar.
Quando te vi... Meu coração pequeno se abriu,
Meu sonho iria se realizar.

A terceira vez que eu te vi...
Eu estava em terceiro lugar,
E quando chegou a minha vez,
Começou a complicar.
Você queria um descanso pro seu coração,
E eu queria te raptar, só pra te ter.
Só pra beijar seus olhos e olhar tua boca.
Arrisquei na rima e me perdi no verso.
Justamente quando eu achei que havia te prendido,
Eu havia te perdido.

A terceira vez que eu te vi...
Vi você olhando em outra direção.
Meus sonhos ficaram cada vez mais limitados.
Sem você ficou difícil!
Mesmo que meu coração bata forte e alto
Ainda não posso senti-lo e nem ouvi-lo.

Uma vez eu tive um sonho...
Sonhei que a felicidade e o amor eram plenos
E seriam suficientes pra nós dois.
Uma vez eu tive um sonho...
Que pena que eu acordei!

Por: Silvon Alves Guimarães
http://www.silvonguimaraes.blogspot.com/


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O Coisa

Não se preocupe se não vejo futuro, 
Ele está lá, eu vou chegar até ele.
Preocupo-me pelo fato de minha boca
Ter esquecido como é mostrar os dentes.
Preocupo-me com a sensação de norte
Que invade o meu coração.

Não se preocupe se ando sempre só,
Sei onde estão às pessoas, posso ir até elas.
Preocupo-me com o fato de me sentir só
Estando no meio da multidão multifacetada.
Preocupo-me por ser alguém tão solitário,
Por não ver uma luz no final do túnel.

Tento resistir às mudanças que estão vindo.
Tento não deixar de ser o que sempre fui,
Mas sinto que estou perdendo a batalha,
Sinto que outro ser já se apossou de meus sentimentos.
Sinto que é hora de mudar de novo.

Não se preocupe se me transformo em pedra,
Não vale a pena!
Sou só o sorriso na face de um homem calado.
Um dia meu riso congelado sairá do automático
E então poderei te dar um sorriso verdadeiro.

Quero ser novamente homem,
Deixar de ser Coisa.
Quero ser humano novamente,
Quero ter sentimentos,
Quero ter um coração,
Quero gostar de poesia,
Quero gostar de madrugadas,
Quero gostar de pássaros,
Quero gostar de Sol,
Quero gostar da Lua,
Quero gostar do Canto.
Ouvirei a poesia que vem da Pérsia,
Que não é de um lugar nem de outro.

Minha vida é feita no rascunho,
Falta capricho e coragem para passá-la a limpo.
Contudo, depois de muitas mudanças,
Depois de tantas andanças,
Quem sabe eu tenha um tempo de sobra,
Ou quem sabe me sobre sentimento,
Ou senão me sobre a idéia,
Ou me sobre a vida vivida.
Quem sabe?

Por: Silvon Alves Guimarães


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Ocupado

Ocupado sempre... Pra você nunca!                       

A vida me arrasta com sua ditadura temporal.
Sou escravo do tempo, vivendo a sua mercê.
O trabalho não justifica minha existência,
Trabalho pra existir e vice-versa.

Ocupado sempre... Pra você nunca!

Este telefone que não para de tocar,
Sempre ocupado quando eu penso em te ligar.
Sou artista e nunca posso ser eu mesmo em público.
Vou colocar OCUPADO no MSN
Mas estou sempre disponível pra você.

Ocupado sempre... Pra você nunca!

A verdade nunca é injusta;
Pode magoar; mas sempre sara as feridas.
A vida é o que acontece
Enquanto estamos fazendo outros planos.
Nunca mais vou sair do centro espacial
Para as duras ruas anônimas longe do seu olhar.

Ocupado sempre... Pra você nunca!

Construo nossa história de amor                            
Para que ela não seja apenas mais uma história.
Nossa história pode ser drama, comédia,
Epopéia ou poesia...
Mas sempre terá um coração no meio,
Que pulsa por inteiro, intenso,
E que precisa estar ocupado, sempre.

Ocupado sempre... Pra você nunca!

Não gosto de nada que surgira a realidade.
Estou sempre ocupado demais
Indo e vindo de Paris.
Quanto tempo levará, até que você desocupe
E perceba que sou o que você procura?
Meus lábios sempre estão ocupados
Cantando poemas sobre a vida e sobre você.

Ocupado sempre... Pra você nunca!

Ocupo-me de fazer o ócio na sarjeta.
Você chocalha seu dedo arrogante
Pra me mostrar que estou errado,
Mas sempre esteve ocupada demais
Pra ajustar meu mundo com o seu universo.

Ocupado sempre... Pra você nunca!

Queria que seu telefone fosse igual                              
O da novela das nove, nunca ocupado,
Então eu poderia falar sempre contigo.
Como uma idéia que desgarra do briefing,
Mantenho você solta, mas comigo,
Não tenho coragem de te jogar fora.

Estou ocupado, mas vou arrumar um tempo pra você!

Ocupado sempre... Pra você nunca!

Por: Silvon Alves Guimarães

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Meu Cafezal

Se fico assim... Sem eira nem beira
Só existe um lugar onde estar eu queira
Quero estar no meu cafezal
Quero poder contemplar o verde do matagal
Quero ouvir o cantar da Siriema
Ali no meu cafezal, quero esquecer meu dilema.

Eu queria ter mãos de Manassés
Pra colher pássaros com os pés.
Só queria estar quieto no meu cafezal
Contemplar a harmonia da natureza
Que rege uma orquestra de beleza.

Quero passar as madrugadas
Junto ao seu cálice que me inebria.
Se pra vida eu não dei bola
Se eu fugi cedo da escola
Foi pra ficar mais tempo contigo
Foi por causa desta cena rústica
Que deixa meu olhar tonto e me extasia.

Em meio dos Mandacarus
Eu me estirei na ribanceira do rio.
Meu Pai me conta histórias
Meu cachorro some no meio do cafezal
Ouço a perdiz, com seu triste pio.
Quero ficar perdido nos terrais do meu cafezal
Quero viver avesso a fantasia do seu quintal.

Em Lira, em Poesia, em Prosa Amadora,
Quero expor minha vida cheia de dilemas
Quero encontrar meus defeitos e enganos
Deixarei de lado minhas virtudes, sentimentos e pensamentos.
Componho o temor de outros fracassos
Nas terras dos cafezais
Não sei se te levo no sonho
Ou se te carrego nos braços.

Eu só queria estar quieto no meu cafezal
Contemplar a harmonia da natureza
Que rege uma orquestra de beleza.
Quero ouvir o cantar da siriema
E ali no meu cafezal esquecer o meu dilema.

Por: Silvon Alves Guimarães

 

domingo, 2 de outubro de 2011

Te vejo passando, me vejo chorando

O documentário “Nós que aqui estamos por vós esperamos” é uma memória do século XX. Este documentário apresenta as grandes mudanças, a solidão, às injustiças da guerra, os traumas, as humilhações, os desesperos, as ilusões, a perda das ilusões, as trocas, as mudanças de realidades. Ao assisti-lo tive a sensação de volta ao passado que quero esquecer. Descobri minha vergonha que não quero mostrar. Chorei pelo que fui e muito mais pelo que sou: um ser que não aprendeu do que passou.

Te vejo passando, me vejo chorando

Te vejo passando...
Te vejo passando...
Te vejo passando...
Te vejo passando!
Passando, passando,
Passando, passando...

Vejo os homens com euforia,
Aprenderam a criar ferramentas
Para facilitar o seu dia.
O tempo passa...
Vejo as estáticas ferramentas,
Aprenderam a criar homens,
E os movimenta, e os atormenta.

Pelas ondas sonoras eletromagnéticas
Eu te sintonizo em meu coração.
Você me faz pisar na lua,
Alimenta meus sonhos, me dá a solução.
Você cura os meus males,
Lança no espaço às cinzas
Do que sobrou de nós.
Já não há mais nós esperando por vós.

Com meus sonhos de grandeza
Hei de conseguir dominar o mundo.
O tempo passa...
Onde foi parar minha arrogância?
Minha voz não se ouve em casa,
O que eu falo não tem importância.

Te vejo passando...
Te vejo parando...
Te vejo parando!!
Bbbuuuuummmmmm!!
Bbbuuuuummmmmm!!
Ouço o silêêêêêênnnncio!!
Ouço o silêêêêêênnnncio!!
Choro sem láááágrimas.
Choro sem lágrimmm...

O amor durará para sempre, Hanz!
O amor é perfeito, Anna!
Anna envia com carinho
Todo o trabalho de suas mãos leves.
Hanz com emoção distribui
O esforço de sua amada.
Uma explosão... Onde está Hanz?
O tempo não passa...
Te vejo parando, parando, parando!

O tempo não para... Passa... Acaba!
Divido meu tempo pra ficar com você:
Primeiro eu trabalho (trabalho).
Depois me divirto (trabalho).
E por último descanso (trabalho).
O tempo não para... Passa... Acaba!

Te vejo sempre com essa paranóia,
Com poucos amigos,
Com mania de grandeza.
Em tirania queima os livros que guardei,
Faz a guerra e destrói meus sonhos.
Protesto! Reinvidico! Luto! Morro!
Degenerado, você me queima,
Viola meu corpo e apaga minha alma,
Desonra-me, faz como fez com Makiro.
Mas, o vento divino a de me vingar!

Te vejo passando...
Te vejo parando...
Te vejo perdendo os sonhos...
Te vejo acabando!
Choro, choro, choro, choro!!!!

Por: Silvon Alves Guimarães
http://www.silvonguimaraes.blogspot.com/

O SIGNO LINGUÍSTICO NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO E DE SIGNIFICAÇÃO DA IMAGEM DO POEMA – UMA ANÁLISE DA POESIA DE GUIMARÃES FILHO - Parte 4

 4 DA LUZ À ESCURIDÃO E DE NOVO À LUZ – OS CAMINHOS DO POEMA EM “A ROSA ABSOLUTA” DO POETA GUIMARÃES FILHO Um poema começa [...]           ...