segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O Coisa

Não se preocupe se não vejo futuro, 
Ele está lá, eu vou chegar até ele.
Preocupo-me pelo fato de minha boca
Ter esquecido como é mostrar os dentes.
Preocupo-me com a sensação de norte
Que invade o meu coração.

Não se preocupe se ando sempre só,
Sei onde estão às pessoas, posso ir até elas.
Preocupo-me com o fato de me sentir só
Estando no meio da multidão multifacetada.
Preocupo-me por ser alguém tão solitário,
Por não ver uma luz no final do túnel.

Tento resistir às mudanças que estão vindo.
Tento não deixar de ser o que sempre fui,
Mas sinto que estou perdendo a batalha,
Sinto que outro ser já se apossou de meus sentimentos.
Sinto que é hora de mudar de novo.

Não se preocupe se me transformo em pedra,
Não vale a pena!
Sou só o sorriso na face de um homem calado.
Um dia meu riso congelado sairá do automático
E então poderei te dar um sorriso verdadeiro.

Quero ser novamente homem,
Deixar de ser Coisa.
Quero ser humano novamente,
Quero ter sentimentos,
Quero ter um coração,
Quero gostar de poesia,
Quero gostar de madrugadas,
Quero gostar de pássaros,
Quero gostar de Sol,
Quero gostar da Lua,
Quero gostar do Canto.
Ouvirei a poesia que vem da Pérsia,
Que não é de um lugar nem de outro.

Minha vida é feita no rascunho,
Falta capricho e coragem para passá-la a limpo.
Contudo, depois de muitas mudanças,
Depois de tantas andanças,
Quem sabe eu tenha um tempo de sobra,
Ou quem sabe me sobre sentimento,
Ou senão me sobre a idéia,
Ou me sobre a vida vivida.
Quem sabe?

Por: Silvon Alves Guimarães


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