quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

AS AMÉRICAS NA ERA CONTEMPORÂNEA – SÉCULO XX: A EXPANSÃO DO IMPERIALISMO NORTE-AMERICANO E A CRISE NAS OLIGARQUIAS LATINAS

Representações da nação mestiça no caribe hispânico insular


Kátia Gerab Baggio

O Caribe, como toda América Latina, teve graves problemas relacionados a fatores étnicos, a mestiçagem e o hibridismo; a partir de três vertentes principais: europeus, índios e negros. Qualquer tentativa de diagnóstico deveria passar, portanto pela antiguidade e origem das raças e, a partir dela, teria chegado aos traços típicos comuns da psicologia do índio americano: o fatalismo e a vingança. Tudo isso complicado pela abundância do elemento étnico africano em ambas as Américas. Em relação à valorização da mestiçagem, que se acentua a partir da década de 1930, nas três ilhas que formam os quatro países analisados por Kátia Gerab Baggio (2000), mostra que há particularidades em cada caso: a necessidade de reforçar uma identidade dominicana em contraposição ao Haiti; a afirmação da identidade porto-riquenha frente aos Estados Unidos; o desafio de integrar as massas de negros libertos à vida econômica, social e política de Cuba, depois do papel fundamental que desempenharam nas duas guerras de independência (1868-78 e 1895-8). Esses elementos ajudam a explicar as diferentes formas como a mestiçagem foi incorporada ao discurso oficial nestes países. Baggio faz uma síntese do dilema envolvido na eleição da mestiçagem como representação simbólica da nação: uma constante tensão entre a busca utópica de um país multirracial sem preconceitos e o discurso harmonizador e homogeneizante que silencia os conflitos. No Caribe Hispânico, esta tensão caracteriza todo o imaginário acerca da mestiçagem. (BAGGIO, 2000)

A Revolução Mexicana (1910-1940) Cap. 2: A Revolução


Marco Antonio Villa

Quando Francisco Ignácio Madero conclamou, no Plano de São Luiz Potosí, que o povo mexicano se levantasse em armas no dia 20 de novembro de 1910, para derrubar o ditador Porfírio Díaz, que estava se perpetuando no poder há mais de trinta anos, jamais poderia imaginar que o México mergulharia numa década de sangrenta guerra civil, com diversas alterações no poder e com um saldo de aproximadamente um milhão de mortos, segundo Marco Antonio Villa. O processo revolucionário mexicano não tinha um programa bem definido e delimitado quando explodiu na sociedade mexicana; muitos dos seus caminhos ideológicos foram construídos no calor da batalha. No desenrolar dos acontecimentos os camponeses deixam de ser simplesmente uma classe-apoio da burguesia, apresentando seu próprio projeto de revolução. A especificidade dos vários movimentos revolucionários é diluída e surge uma nova burguesia pretensamente herdeira dos precursores e agentes da revolução. Da queda de Porfírio Díaz á ascensão de Álvaro Obregón à Presidência da República, o México viveu momentos que marcaram a história das lutas políticas na América Latina. (VILLA, 1993).


A Revolução Mexicana (1910-1940) Cap. 3: A época dos Caudilhos


Marco Antonio Villa

No período de 1920-28 o governo central mexicano oscila entre apoio aos caudilhos e as medidas de centralização administrativa. Em busca da estabilidade econômica e política, o governo inicia um programa de desmobilização do exército, ficando assim dependente do apoio dos caudilhos regionais, a maioria formada por generais, e dos comandantes das regiões militares para se manter no poder. Obregón sofre as pressões diplomáticas dos Estados Unidos, que só reconhece o governo em 31 de agosto de 1923. Calles, durante o seu governo, resolveu enfrentar a Igreja Católica, única instituição do antigo regime que se mantinha intacta. Na época dos caudilhos é dada atenção a educação da população que até antes dos anos 20, estava reservada à burguesia e à classe média. No campo quase que inexistiam escolas e o analfabetismo atingia 80% da população. Em 1 de setembro de 1928, a afirmação era de que havia terminado a época dos caudilhos, e que o momento impunha a necessidade de institucionalizar a revolução. (VILLA, 1993)

Considerações sobre o conceito de populismo econômico


Felipe Pereira Loureiro

Loureiro (2008) faz uma análise da situação econômica do Brasil no governo de Getúlio Vargas (1951-1954) e da Argentina, no governo de Juan Domingos Perón (1946-1955), tentando encontrar um denominador comum desses países, abordando o populismo econômico empreendido no ambiente ditatorial. O termo “Populismo econômico” utilizado no texto de Loureiro segue o padrão de política econômica apontado em Dornbusch e Edwards (1992). Segundo a interpretação destes, o populismo apresenta um tipo de governabilidade autodestrutiva. Loureiro nos diz que governos que praticam déficits orçamentários recorrentes como conseqüência de aumentos salariais acima da produtividade do trabalho ou ainda que promovam apreciações cambiais com o intuito de aumentar os salários reais, estariam incorrendo em populismo econômico. Melhoram o bem estar dos trabalhadores no curto prazo com vistas ao ciclo político sem levar em consideração as conseqüências de longo prazo de tais políticas. A lógica populista produz distorções com efeitos benéficos no curto prazo à custa de grandes desajustamentos no longo prazo. O excesso de demanda provocado por políticas populistas não tem uma contrapartida em aumento da capacidade produtiva. O aumento artificial dos salários reais provoca fortes desequilíbrios internos e externos que prejudicam a situação dos trabalhadores em termos de ganhos reais e emprego. (LOUREIRO, 2008)


História da América Latina e do Caribe – Dos processos de independência aos dias atuais. Cap. 5: A grande polarização, 1960 a 1989


José Del Pozo

A partir de 1960, o mundo foi divido entre o modelo capitalista, dos Estados Unidos da América (USA), e o modelo socialista, da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Era a guerra fria que tinha iniciado, e com essa guerra muda-se o modelo de ocupação, não mais sendo uma ocupação geográfica, mas sim ideológica. O modelo da revolução cubana apresentava-se como opção atraente para quem não via no capitalismo via ocidental, ou norte-americano, um futuro no mundo latino. As antigas colônias no Caribe, nas Américas Central, do Norte e do Sul, obtiveram a independência e vive uma situação totalmente nova. Os Estados Unidos, por outro lado, continua a tentar influir na região não só com pressões políticas e militares, como também oferecendo aos seus aliados latino-americanos um plano de desenvolvimento econômico e social, com objetivo de fazer a subversão esquerdista. (POZO, 2009)

História da América Latina e do Caribe – Dos processos de independência aos dias atuais. Cap. 5.4: A vida política: uma era de grandes tensões


José Del Pozo

Se nos anos anteriores, os avanços em matéria de democracia política, na América Latina, tinham sido poucos, o período de 1960 a 1989 foi de claro retrocesso. A discussão sobre como forjar Estados nacionais modernos e autônomos, ganha uma maior centralidade com a entrada em cena no subcontinente americano do capitalismo industrial ou moderno. Continuou a haver uma repetição entre os que ocupavam as altas autoridades políticas, militares e religiosas. Enquanto isso, as grandes massas populares eram afastadas do poder, através de um sistema eleitoral restrito, excludente e fraudulento como forma de perpetuação do poder. Pozo nos diz que é preciso levar em conta as condições debilitantes politicamente vividas na América Latina. Se por um lado havia a “falta de vontade” política, por outro lado deve-se reconhecer o retrocesso do processo liberalista do século XIX diante das Oligarquias totalitárias do século XX. Segundo Pozo, fica evidente que as oligarquías latino americanas mantiveram uma cegueira suicida diante das pressões. Sendo parte da esfera de influencia norte americana, segue-se na América Latina um caminho à margem de sua cultura, movidos pelas teorías de modernização européia e norte-americana. (POZO, 2009)


Considerações finais


A América Latina teve um grave problema de identificação de identidade. Sempre houve uma oscilação quanto a que caminho político se deveria seguir. O trágico passado colonial, aliado às dificuldades internas dos países após a independência e aos interesses do capitalismo inter¬nacional, impunham ao continente centro e sul-americano um processo de desenvolvi¬mento marginal e dependente do capitalismo. As estruturas de poder na América Latina, sobretudo na América do Sul, permanece¬ram até meados do século XX vinculadas aos interesses de uma elite agrária (oligarquias). Com a consolidação da estrutura urbano-industrial, novos segmentos sociais se fortaleceram: a burguesia industrial, a clas¬se média e o operariado. As cidades torna¬ram-se mais importantes economicamente que o campo e passaram a ser habitadas por uma incrível massa humana (principalmen¬te em razão do êxodo rural) sem condições decentes de vida, vulnerável aos discursos, demagógicos e populistas. Em meio as turbulências e indecisões quanto aos rumos a seguir podemos citar a Revolução Mexicana, que marcou os processos políticos em toda América Latina e ainda continua sendo fonte de influência no México. No século XX a América Central tornou-se área de influência direta dos EUA. Esse quadro político de submissão aos interesses norte-americanos produziu, nesses países, situações políticas e econômicas internas bastante graves de opressão, subdesenvolvimento e mi¬séria. Esse panorama desfavorável era pro¬pício para o surgimento de movimentos com forte conteúdo nacionalista, que acabaram se manifestando em quase todos os países centro-americanos.

Referências:

BAGGIO, Kátia Gerab. Representações da nação mestiça no Caribe Hispânico Insular. Anais Eletrônicos do V Encontro Internacional da ANPHLAC. Belo Horizonte, 2000.

LOUREIRO, Felipe Pereira. Considerações sobre o populismo econômico: explicação ou distorção histórica? Anais Eletrônicos do VIII Encontro Internacional da ANPHLAC. Vitória, 2008.

POZO, José Del. História da América Latina e do Caribe: Dos processos de independência aos dias atuais. Tradução de Ricardo Rosenbusch. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009, pags. 229-234; 261-265.

VILLA, Marco Antonio. A Revolução Mexicana (1910-1940). São Paulo: Editora Ática S.A., 1993. Pags. 11-27; 28-49.

Um comentário:

Por um momento estivemos juntos, ligados pelas ideias. Foi muito bom! Nos encontramos em breve! Tchau!

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