quarta-feira, 30 de maio de 2012

O Super-Homem de Nietzsche e o Eterno Retorno


“O Super-homem é o sentido da Terra... Eu ensino-vos o Super-homem. O homem é algo que deve ultrapassar-se”. Nietzsche ao formular a sua teoria do super-homem, tem em mente o individuo que consegue buscar a liberdade do eterno negativo, que é visto como algo doentio, que é a base da civilização Cristã-ocidental. O super-homem Nietzschiano consegue completar uma transmutação plena, saudável, definitiva de todos os valores que anteriormente reinavam para o caos humano. Ao se encontrar em um mundo novo, que não se centraliza em Deus, mas em si próprio, que busca sua afirmação como ser absoluto dos seus desejos e vontades, o super-homem se vê em um universo que não mais tem um sentido definido, cabe a ele inventar esse sentido novo. A terra se torna uma nova morada, e ele se vê com poderes totalmente novos, poderes que o habilitam a dar o sentido que desejar a terra e até ao universo inteiro.
Para Nietzsche o que torna o homem um ser sobre-humano é o fato de ele ter esta vida como absoluta e única, mas ao mesmo tempo dizer sim, ao eterno retorno de tudo o que se vive, aclamar a idéia de que esta vida será revivida infinitamente tal como foi vivida. Tanto o prazer como a dor serão eternamente revividos.
O super-homem rompe com a moral cristã, rejeita a metafísica dualista, destrói a cisão: Mundo do devir (passageiro) X mundo do ser (eterno). Para o super-homem o mundo dura infinitamente, portanto o mundo do devir será eterno e se torna o verdadeiro mundo do ser.
O rompimento com a moral cristã-ocidental se deu pelo fato de esta conduzir a um constante reducionismo da vida. Ao dizer que a verdadeira vida estava noutro mundo (além), a moral cristã reduz esta vida a nada, uma vida sem sentidos, onde nada do que se realiza pode ter um sentido dignificante. O super-homem tem uma duração eterna aqui na terra, ele declara seu amor a terra, um amor absoluto, um amor eterno, como sua própria existência.
A moral cristã-Ocidental, com seu reducionismo do além, atrofiava a vida humana impedindo que o ser humano se entregasse plenamente ao mundo do devir, à Terra. O super-homem liberta a vida desse fardo do além e estabelece o seu ser como sendo o próprio sentido da Terra. O homem existe para a Terra, assim como a Terra existe para o homem. A Terra será eterna, o Homem será eterno, terá um retorno eterno do seu viver.
Nietzsche fala sobre o retorno a idéia de eternidade e ao mesmo tempo sobre uma recuperação da inocência por parte do super-homem. Esta inocência recuperada se deve ao fato de que ele não mais está preso ao pensamento reducionista cristão, que desvalorizava a vida, que estabelece juízo e uma concepção de Bem e Mal e tende a podar o sentido eterno da vida. O super-homem Nietzschiano é eterno e por isso não se submete a nenhum juízo final. Por reviver eternamente o vivido, carrega consigo o aprendizado do sofrido e do prazeroso, podendo assim sobrepujar seus problemas e vencer suas angustias.

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