quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Paixão e Desejo – O Amor Eterno... Enquanto Dure


O que você faria se si confrontasse com uma cena destas? Agiria de modo indiferente, como se esta cena fosse costumeira do dia-dia, ou até mesmo fizesse parte da paisagem?

Qual a sua reação ao olhar esta foto? Desperta em você sentimentos de nostalgia? Ou só consegue pensar que talvez esse casal esteja obstruindo a passagem de pedestres apressados com seus afazeres diários que os consome miseravelmente...

Para os românticos essa é uma cena perfeita, um lindo casal em público, várias testemunhas, a paisagem exuberante da Paris dos anos 1950, a névoa, o movimento, o frio, tudo que se precisa para uma demonstração do amor eterno enquanto dure... Para os cépticos uma montagem, uma tentativa de resgate de algo que não mais existe, ou que talvez nem tenha existido.

Contrariando os românticos, como eu, que preferem pensar que os amantes foram captados, pela lente fotográfica, de surpresa, em seu momento de paixão, lamento informar que na verdade, a fotografia foi encenada. Françoise Bornet e o namorado, Jacques Carteaud, concordaram em posar para o fotógrafo Robert Doisneau, que batizou a imagem de “Le Baiser de l’Hotel de Ville”.  O fotógrafo francês estava trabalhando em uma série de fotografias sobre amantes em Paris para a Life quando viu o casal de namorados perto da escola onde os dois estudavam teatro.

Robert Doisneau mencionou em uma entrevista de 1992, que “jamais teria ousado fotografar pessoas assim... amantes a beijarem-se em plena rua. Esses casais raramente são autênticos”. Concorda você com esta opinião? Vivemos o fim do romantismo apaixonado? Será que aquela falta de ar, aquele fogo que incendeia o organismo, o palpitar acelerado do coração, o desejo ardente - características tão marcantes da paixão e tão inspiradoras das ações mais inesperadas – simplesmente se tornaram tão raras, que não podem ser autênticas?

A impressão original desta famosa fotografia foi leiloada em paris. Françoise Bornet decidiu leiloar o original para financiar uma companhia produtora de filmes que pretende abrir com o marido. A leiloeira Dassault esperava que a fotografia em preto e branco fosse arrematada por cerca de 20 mil euros, no entanto ela chegou a ser vendida pela impressionante cifra de 155 mil euros, quase dez vezes o valor esperado. O comprador? Um colecionador suíço, não identificado, segundo os leiloeiros de Paris, Artcurial-Briest-Poulain-Le citados pela agência de notícias Associated Press.

Um fato interessante sobre a foto é que ela ficou nos arquivos da agência fotográfica em que Doisneau trabalhou mais de 30 anos, até ter sido comprada por uma empresa de pôsteres, e reaparecer para a fama. A fotografia tornou-se um ícone em todo o mundo. O sucesso foi tanto que moveu vários casais a reivindicarem a autoria protagonistas da fotografia.

Depois de mais de 40 anos na obscuridade, Françoise Bornet reapareceu e encontrou-se com Doisneau. Ela mostrou-lhe a impressão original – que traz a assinatura autêntica do fotógrafo e seu selo – que ele lhe enviara apenas alguns dias após ter tirado a fotografia.

Porque essa fotografia se tornou tão famosa? O que fez dela esse sucesso todo? Gosto de pensar que seja porque as pessoas ainda prezem as ações românticas. Gosto de pensar que, ao arrematar a fotografia, pelo valor excepcional, o colecionador suíço, tenha sentido que ele precisava ter uma representação de algo tão forte no ser humano. Gosto de pensar que apesar do racionalismo que existe hoje, ainda queremos ser despretensiosamente apaixonados. Queremos beijar, abraçar, sentir o cheiro da pessoa amada, amar... Amar intensamente, pelo tempo que durar.

Ah! Françoise Bornet e o então namorado, Jacques Carteaud que se tornou produtor de vinhos, nunca se casaram...


quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Amor a Primeira Vista


No instante em que te vi senti que você estava tão só quanto eu. Éramos dois caminhos que se cruzam por acaso em uma rua qualquer. Dois espíritos que vagam sem um lugar do qual possam descansar. Dois solitários que foram separados por um efêmero cristal. Dois que pediam, ou melhor, gritavam para ser um.

Seus olhos de pestanas largas não expressavam nada e eu não disse nada. Ficamos com um enorme vazio interior, uma escuridão etérea, conformada, de nitrogênio, oxigênio e argônio. Apesar de tudo, senti que olhavas em meu intimo, que buscavas meus olhos para descansar-te neles, para que eles te servissem de faróis para iluminar tua senda.
Reclamavas minha atenção, com tua boca entreaberta de sedosos lábios pintados de vermelho carmim, com seu nariz fino que adornava seu rosto oval, com sua pele, suave e branda, desejando a fundição com minhas mãos grandes e torpes dedos.

Senti no estomago uma revoada de mariposas e um calafrio sulino subiu por minha espinha dorsal. Imaginei aconchegando-te em meus braços, acariciando seus cabelos ruivos, e nesse exato instante eu soube que você seria só minha.

__ E quanto você disse que custa a boneca inflável da vitrine? 

O SIGNO LINGUÍSTICO NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO E DE SIGNIFICAÇÃO DA IMAGEM DO POEMA – UMA ANÁLISE DA POESIA DE GUIMARÃES FILHO - Parte 4

 4 DA LUZ À ESCURIDÃO E DE NOVO À LUZ – OS CAMINHOS DO POEMA EM “A ROSA ABSOLUTA” DO POETA GUIMARÃES FILHO Um poema começa [...]           ...