sábado, 11 de junho de 2011

Liberdade Aprisionada

Se você era tudo pra mim,
Porque te pedi pra me soltar?
Se o ar se torna rarefeito longe de ti,
Porque teimo em respirar sem aparelhos?
Se eu te pedi pra não mais voar contigo,
Porque ainda sonho com pássaros e astronaves?

Meu coração rasga o meu peito
E não aceita estar longe da pessoa que ele ama.
Enlouquecido, protesta!
Descontrolado, explode!
Inconformado, faz greve!
Desconsolado, entristece!
Amargurado, Sangra!

Se não vejo o mundo sem ser pelo foco do seu olhar,
Porque insisto em recarregar as baterias dessas luminárias?
Se eu estou sem rumo na vida desde que você se foi,
Como posso sair e pegar a estrada?
Se fui eu quem te pediu a liberdade,
Porque rasguei a carta de alforria?

É difícil encarar o que o coração não quer contemplar.
É difícil estar no mundo,
E sentir que meu mundo não está mais aqui.
Tenho olhos rasos d’água,
Prontos pra se derramarem,
Na primeira pequena menção de ti
Feita pelo meu coração.
Tenho uma cabeça cheia de pensamentos,
Mas um só é que me importa.

Se não há nuvens no céu,
Porque não vejo estrelas?
Se não há nenhuma precipitação se formando no horizonte,
Porque ouço o som de trovões
E relâmpagos velozes a cortar os céus?
Se não tenho mais coração,
Porque ouço as batidas no peito e sinto o sangrar?

Hoje tenho uma infeliz liberdade conquistada.
Vivo na esperança de voltar a prisão,
De voltar a se seu,
De voltar a ter você,
Que me domina,
Que me dá uma estrutura,
Que me dá um rumo,
Que me faz feliz.

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