Eu tenho sonhos, e
neles te vejo... Sempre!
Vejo-te sempre em
meus sonhos como uma pomba branca que vem comer em minhas mãos. Essa imagem que
tenho de ti, me agrada me faz feliz, porque te vejo em minhas mãos, tão
tranqüilo, toda branca, com um arrolhar suave, enquanto eu, calado, apenas me
atrevo a te olhar, apenas respiro quando esta bem perto. Por várias vezes quis
que minha mão livre te buscasse e tocasse suas penas brancas, mas me detive por
medo de assustar-te e lamentando, não te toquei! Nem uma só vez!
Como Estou? Como esta
minha mão, aquela que dava de comer? Deveria ter fechado minha mão e não te
receber? Deveria ter te assustado, ter te tocado? Mesmo hoje não sei dizer.
Deixastes de estar em minhas mãos e hoje me encontro só, com as mãos vazias.
Por quê?
Nunca poderei
saber... só sei que hoje não sou mais o mesmo, passou muito tempo, me falta
algo, eu sinto, eu sei cada vez que vejo perto de mim uma pomba branca voando,
minha mão quer voltar a abrir-se, acreditando que te vejo, num impulso de
nostalgia e saudade, desejando que venha novamente para minhas mãos e como
antes me faça sonhar. Mas é tudo em vão, já é tarde, já não pode ser... E fico
com o braço extendido, só, triste, recordando!
De repente, me sinto
revoltado, protesto, me queixo pra ninguém e começo a gritar desesperado, sinto
que nada irá me consolar, aperto os punhos com raiva, renego meus sentimentos e
começo a perguntar-me: Por quê existe sentimentos tão profundos? Por que existem
pombas brancas? Por que tem que haver mãos que se fecham?
Não sei. Só sei que
houve uma pomba branca em minha vida, que comia em minhas mãos, que essas mãos
se fecharam uma vez e desde então vivo só, com uma só pergunta a me afligir,
uma pergunta que nada me diz, mas tanto me tortura: Por quê?
Não sei. Nunca hei de
saber. Seguirei minha vida recordando-te, não podendo te esquecer, nem querendo
te esquecer. Seguirei perguntando-me enquanto estiver vivo: Por que tem que
haver pombas brancas? Por que sentimentos profundos? Por que mãos que se
fecham? Por quê? Por quê? Por quê? …