No
instante em que te vi senti que você estava tão só quanto eu. Éramos dois caminhos que
se cruzam por acaso em uma rua qualquer. Dois espíritos que vagam sem um lugar
do qual possam descansar. Dois solitários que foram separados por um efêmero cristal. Dois
que pediam, ou melhor, gritavam para ser um.
Seus
olhos de pestanas largas não expressavam nada e eu não disse nada. Ficamos com um enorme vazio interior, uma escuridão etérea, conformada, de
nitrogênio, oxigênio e argônio. Apesar de tudo, senti que olhavas em meu
intimo, que buscavas meus olhos para descansar-te neles, para que eles te servissem
de faróis para iluminar tua senda.
Reclamavas minha atenção, com tua boca entreaberta de sedosos lábios pintados de vermelho
carmim, com seu nariz fino que adornava seu rosto oval, com sua pele, suave e
branda, desejando a fundição com minhas mãos grandes e torpes dedos.
Senti
no estomago uma revoada de mariposas e um calafrio sulino subiu por minha espinha
dorsal. Imaginei aconchegando-te em meus braços, acariciando seus cabelos
ruivos, e nesse exato instante eu soube que você seria só minha.
__ E
quanto você disse que custa a boneca inflável da vitrine?
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Por um momento estivemos juntos, ligados pelas ideias. Foi muito bom! Nos encontramos em breve! Tchau!