sábado, 26 de novembro de 2011

“O Queijo e os Vermes”, as evidências da circularidade nas “classes Subalternas”

Resenha de “O Queijo e os vermes” de Carlo Ginzburg

“O queijo e os vermes” foi publicado por Carlo Ginzburg em 1976, a partir de documentos do Santo Ofício, em que o autor conta a história de Domenico Scandella, conhecido por Menocchio, um moleiro que viveu em Montereale na região da cidade do Friuli e que foi julgado duas vezes pela inquisição e terminou condenado e queimado na fogueira. O interesse por Menocchio se deu ao acaso. Enquanto Ginzburg pesquisava sobre bruxaria e a Inquisição encontrou um processo de sentença extremamente longo. Uma das acusações que chamou atenção de Ginzburg foi a de que o réu sustentava que o mundo tinha sua origem na putrefação.

[...] "Eu disse que segundo meu pensamento e crença tudo era um caos, isto é, terra, ar, água e fogo juntos, e de todo aquele volume em movimento se formou uma massa, do mesmo modo como o queijo é feito do leite, e do qual surgem os vermes, e esses foram os anjos.” (Ginzburg, 2006 p.36)

Ginzburg surpreende em sua obra ao mostrar uma tenaz perspicácia em buscar pistas e dicas que revelem a historicidade do seu objeto de estudo. Ao fazer uso de expressões marxistas como “classe subalterna[1]” e aceitar questões e abordagens do chamado “paradigma pós-moderno” o autor mostra que, ele, não se permite fazer um fácil enquadramento teórico metodológico.  “O queijo e os vermes” contém elementos como a noção de mentalidades, de discurso e da retórica. Embora Ginzburg não se prenda a uma ortodoxia de paradigmas, em sua obra ele procurou resistir aos ataques e moldes do pós-estruturalismo.

A obra de Ginzburg possui uma complexidade perceptível, especialmente no que diz respeito a encontrar vestígios de uma cultura baseada apenas na oralidade e na continuação da transmissão de valores e conceitos apenas por meio das gerações, onde não havia registro das ações das “classes subalternas”, conforme nos mostra Ginzburg, e quando haviam estes registros escritos, normalmente eram feitos pela elite letrada, que podia distorcer os sentidos originais dos depoimentos adaptando-os à sua própria visão de mundo. A afirmativa do autor lança luz nesta perspectiva distorcida:

[...] "As raízes de suas afirmações e desejos estão fincadas muito longe num estrato obscuro, quase indecifrável, de remotas tradições camponesas.” (Ginzburg, 2006 p.23)

“[...] Respeitar o resíduo de indecifrabilidade que há nela e que resiste a qualquer analise não significa ceder ao fascínio idiota do exótico e do incompreensível significa apenas levar em consideração uma mutilação histórica da qual, em certo sentido, nós mesmos somos vítimas.” (Ginzburg, 2006 p.26)

A especialidade de Ginzburg é a Europa pré-industrial, onde ele pesquisa sobre feitiçaria e bruxaria em meio à cultura popular, as “classes subalternas”, da Europa Ocidental.

A obra de Carlo Ginzburg possui prefácio para a edição inglesa e para a edição italiana, nestes prefácios é possível vermos diferenças nítidas. No prefácio para a versão inglesa o autor, em poucas linhas e palavras fáceis, se preocupa basicamente em apresentar a obra, o lugar do seu nascimento, como se deu a sua pesquisa e os personagens da trama. O autor destaca ainda um único conceito, o da circularidade, e para isso recorre a Mikhail Bakhtin, não se preocupando, porém em refutar outras teorias existentes sobre o assunto. No prefácio da versão italiana, Ginzburg, se preocupou em debater as teorias conflitantes, refutou as outras perspectivas, analisou obras anteriores e apresentou os desafios de se fazer uma pesquisa histórica e produção historiográfica. E também se preocupou em mostrar como se pode superar a idéia de que as “classes subalternas” apenas fazem um acumulo de fragmentos de idéias, crenças, visões de mundo que são elaboradas pelas classes dominantes. Ginzburg promove no prefácio da versão italiana uma discussão sobre a relação entre cultura das “classes subalternas” e das “classes dominantes” (p.12).

A obra de Ginzburg discorre sobre a vida de um moleiro[2] de nome Domenico Scandella, conhecido por Menocchio. O período em que se passa à narrativa é o século XVI onde a igreja Católica perdia o monopólio da salvação das almas para as igrejas que vinham do movimento de reforma, tais como a Luterana, a Anglicana e a Calvinista. Frente a tais acontecimentos a Igreja Católica passou a intensificar a repressão aos que aderiam a Reforma, utilizando especialmente a inquisição como meio repressor das idéias divergentes. Também a classe letrada, composta na sua maioria por clérigos, perde o monopólio do saber para a imprensa, após a invenção da prensa por Gutenberg[3].

Ginzburg cita que este moleiro de origem simples tinha uma considerável vantagem sobre os demais camponeses, pois este sabia ler, escrever e contar. Isto para o Século XVI era uma raridade entre os camponeses e até mesmo entre os senhores. Esta habilidade proporcionou ao moleiro o acesso a várias obras literárias e religiosas da época, tais como: O Decameron, A Divina Comédia, As Viagens de Mandeville e até o próprio Alcorão.

A leitura que Menocchio fazia desta vasta literatura era submetida a um filtro gerenciado por uma espécie de “chave de leitura” que era capaz de produzir na mente do moleiro uma nova concepção sobre a origem da vida e sobre as orientações religiosas que deveria seguir ou abandonar. Este fato revela que havia um contato com a cultura dominante, mas esta estava em interação com a cultura das “classes subalternas”.

“[...] Confrontando, uma por uma, as passagens dos livros por ele citados com as conclusões às quais chegava [...] nos vemos às voltas, invariavelmente, com lacunas e deformações, às vezes profundas. [...] mais do que o texto, portanto, parece-nos importante a chave de sua leitura, a rede que Menocchio de maneira inconsciente interpunha entre ele e a página impressa – um filtro que fazia enfatizar certas passagens enquanto ocultava outra, que exagerava o significado de uma palavra, isolando-a do contexto, que agia sobre a memória de Menocchio deformando sua leitura. Essa rede, essa chave de leitura, remete continuamente a uma cultura diversa da registrada na pagina impressa: uma cultura oral”. (Ginzburg, 2006 p.72)

No contexto histórico do século XVI, como era possível que um camponês pobre tivesse acesso a esta literatura, que por vezes era alvo da repressão da igreja Católica? Ginzburg nos diz que provavelmente existia na Itália, de então, uma considerável rede de leitores, que incluíam nobres, clérigos e alguns populares. O autor chega a essa conclusão diante de algumas afirmações de Menocchio nas quais ele cita que conseguia os livros através de contatos, e que alguns destes incluíam membros da própria igreja Católica.

Referente à eclesiologia de Scandella, Ginzburg cita que esta é uma junção de princípios luteranos, anabatistas e da própria mitologia camponesa. Por exemplo, quando ele afirma que o mundo teve origem na putrefação e faz uma associação do mundo a um queijo, que após qualhar dá origem a vermes, Menocchio faz alusão a uma crença comum da época, de que os seres vivos têm sua origem na natureza inanimada. Portanto, vemos que esta característica do pensamento do moleiro é fruto do cotidiano, dos hábitos e práticas, fazendo uma tentativa de racionalizar o mundo, no que diz respeito a sua origem.

Vale dizer que Carlo Ginzburg procura nesta obra não limitar o texto ao personagem. O autor monta um cenário contextual que se torna “palpável” ao leitor. O cenário em que ocorre a trama é de crise e efervescência. A sociedade tentava por um lado manter as características feudais e por outro lado procurava buscar os avanços proporcionados pelas cidades e pelo comércio. Ginzburg dá destaque a essa efervescência de idéias, a Reforma, o Renascimento, os árabes, etc. O autor com sua obra desconstrói os mitos antigos que a historiografia tradicional havia criado, no caso, o de que havia uma homogeneidade e cumplicidade entre os membros da classe dominante. Também não havia homogeneidade entre as “classes subalternas”, conforme nos diz Ginzburg.

O autor aprofunda-se nas pesquisas dos costumes populares e identifica que devido à cultura extremamente religiosas muitas funções, profissões, ou mesmo hábitos, tornava uma pessoa indesejada. O moleiro era uma destas pessoas, conforme o poema de André de Bergamo, muito popular na época, que diz que “um verdadeiro moleiro é meio luterano” (p.181), ou ainda em um canto popular da Toscana:

Fui até o inferno e vi o Anticristo [...]
Pela barba um moleiro segurava
E tinha um alemão por sob os pés
E um taverneiro e um magarefe presos:
Lhe perguntei qual era o mais malvado
E ele me disse: ‘Atenta que eu te mostro.
Vê bem quem é que com as mãos rapina:
O moleiro que mói a alva farinha.
Vê bem quem é que com as mãos agarra:
O moleiro que mói a farinha alva.
Da quarta parte salta o alqueire inteiro:
O mais ladrão de todos é o moleiro.
(Ginzburg, 2006 p.181)

Ginzburg cita que provavelmente este imaginário pesou para as denúncias e a subseqüente condenação de Menocchio.

Eu considero a obra “O queijo e os vermes” muito boa para a utilização nas faculdades, entre os graduandos de história. Carlo Ginzburg é um pesquisador de arquivos e mostra-se um verdadeiro historiador no pleno sentido da palavra. Sua obra nos motiva a estarmos alertas ao acaso que pode nos apontar uma intrigante história capaz de revelar o momento historiográfico.

Carlo Ginzburg é professor, escritor, historiador e arqueólogo. Nasceu na Itália em 1939, filho do professor e tradutor Leone Ginzburg e da romancista Natalia Ginzburg, estudou na Scuola Normale Superiore de Pisa, e em seguida no instituto Warbug em Londres; ensinou história moderna na universidade Bolonha e, em seguida na universidade Harvard, Yale e Princeton e na universidade da Califórnia, Los Angeles, onde ocupou por duas décadas, até 1988, a cadeira de história do renascimento italiano. Desde 2006, ele ocupa a cadeira de história cultural européia na Scuola Normale Superiore de Pisa. Ganhador de vários prêmios literários, conhecido como um dos pioneiros da micro-história.

Principais obras: “O queijo e os vermes”, “O fio e os rastros”, “Os andarilhos do bem”, “Nenhuma ilha é uma ilha”, “Histórias noturnas” e “Mitos, Emblemas e sinais”.

Referências:

GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
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[1] Ginzburg argumenta: “uso a expressão [...] ‘classes subalternas’ por ser suficientemente ampla e despida das conotações paternalistas de que está imbuída ‘classes inferiores’.” (p. 199)

[2] Moleiro (do latim molinarìus) é uma antiga profissão ligada à moedura de cereais, especialmente à do trigo para a fabricação de farinha. O termo moleiro denominava tanto trabalhadores braçais de um moinho, como o proprietário de uma moenda.

[3] Gutenberg foi o primeiro europeu a usar a impressão por tipos móveis, por volta de 1439, e foi o inventor global da prensa móvel. Sua invenção verdadeiramente memorável foi a combinação desses elementos em um sistema prático que permitiu a produção em massa de livros impressos e que era economicamente rentável para gráficas e leitores. O uso de tipos móveis foi um marcante aperfeiçoamento nos manuscritos, que era o método então existente de produção de livros na Europa, e na impressão em blocos de madeira, revolucionando o modo de fazer livros na Europa. A tecnologia de impressão de Gutenberg espalhou-se rapidamente por toda a Europa e mais tarde pelo mundo.





























Feitiçaria: de Crime a Charlatanismo. A História das Mentalidades esclarecendo a mudança do Imaginário.

Resenha de “Magistrados e Feiticeiros na França do Século XVII” de Robert Mandrou

A “Santa Inquisição” e os “tribunais laicos” dedicaram-se, do século XV ao século XVII, a perseguição implacável aos praticantes da feitiçaria. Milhares de indivíduos que foram acusados de praticar malefícios e feitiçarias foram perseguidos e mortos. No passar dos anos, Historiadores tem levantado a problemática quanto ao porquê de tão longa e cruel perseguição, e tentam também entender as razões do rompimento desta tradição de séculos.
            O Historiador francês Robert Mandrou, integra o grupo de pesquisadores que se dedicaram a historia da feitiçaria[1]. Recusando-se a escrever a tradicional história dos vencedores, e interessado nos modos de sentir e de pensar das massas anônimas, Mandrou integra o grupo dos historiadores da “História Nova” ou “História das Mentalidades”. Robert Mandrou no seu trabalho procura “dar voz aos humildes”, resgatando seu universo de crenças. Em suas observações ele destacou que as relações entre as idéias e os comportamentos sociais constituem o problema que deve ser solucionado pelo historiador. O cenário europeu entre os séculos XV e XVII foi de uma verdadeira revolução cientifica e filosófica, onde simultaneamente despontava o pensamento iluminista.
            Ronaldo Vainfas (1997), no livro “História das mentalidades e História cultural”, e Mary Del Priore (1993), no livro “História do cotidiano e da vida privada”, fazem uma ponderação sobre o trabalho dos historiadores das mentalidades e no caso de Robert Mandrou destacam que sem prejuízo de suas divergências e particularidades teóricas, ele considerou as crenças eruditas e populares extremamente relevantes para compreender a caça às bruxas e aos feiticeiros.
            Robert Mandrou diferencia-se da história tradicional, que seguia os ideais positivistas e também a tradição marxista de conceber a história como fruto das lutas de classes em torno do poder econômico. Mandrou deixa de lado a história universal dos positivistas e o reducionismo econômico marxista para analisar a estrutura de crenças e comportamentos refletidos no cotidiano das pessoas comuns, procurando entender como se deu a alteração do imaginário social entre os desprovidos e entre os providos de poder e prestigio social. Vainfas menciona que o termo “psicologia histórica coletiva”, pode ser corretamente utilizado para exprimir os acontecimentos, que segundo Mandrou, se alteraram muito lentamente, mas ficaram refletidos na vida cotidiana das pessoas da época.
              Embora Robert Mandrou seja adepto da História das Mentalidades, ele não ignorou as eventuais motivações econômicas e políticas da perseguição à feitiçaria, mas lançou um renovado olhar metodológico sobre o tema, e por isso pode chegar a conclusões diferenciadas. Mandrou esclarece que não há uma uniformidade entre as crenças populares e eruditas para a criminalização da feitiçaria, portanto é necessário que se dê atenção diferenciada aos conceitos de cultura popular e cultura erudita.
            Robert Mandrou menciona que o problema em que os historiadores esbarram ao tentar “dar voz os humildes” é o fato de que a única fonte disponível são os processos criminais remanescentes. Sabe-se que os crimes de feitiçaria eram recorrentes e, portanto passiveis de influencia dos perseguidores que praticamente obrigava os acusados a dizerem o que eles queriam ouvir[2]. Porém, Mandrou surpreende ao citar que justamente pela perseguição ser recorrente e, portanto mencionada nos processos a cada vez que é efetuada, é que se pode diferenciar os relatos espontâneos dos relatos obtidos mediante torturas.
Outro problema levantado por Mandrou é quanto à coação psicológica exercida pelos juízes no espírito das vitimas e a constatação dos acusados da inutilidade de dizer qualquer coisa diferente do que os julgadores estavam dispostos a ouvir. Assim, muitos dos julgados simplesmente reproduziam o que os julgadores pretendiam, fazendo assim uma falsa confissão, com o objetivo único de dar termino ao caso. Ponderando a corriqueira prática da tortura nos processos criminais, sobretudo no século XVII, não haveria como considerar os depoimentos dos condenados como merecedores de maior atenção, pois consistiriam, na realidade, em depoimentos mascarados pela coação dos julgadores.
            Robert Mandrou nos diz que para se compreender a interpretação que as crenças populares receberam por parte dos defensores da doutrina católica, é preciso se recorrer aos tratados de demonologia, que foram os instrumentos mais importantes dos juízes laicos e inquisidores do Santo Oficio. No século XIV, a imagem moderna da bruxaria era descrita na obra “Manual do Inquisidor”, de Nicolau Emérico. Em 1484, o papa Inocêncio VIII, publica a bula “Summus Desiderantis Affectibus”, que era uma declaração de guerra a bruxas e feiticeiros. Em 1490, os inquisidores dominicanos Henry Kramer e James Sprenger publicaram o “Malleus Maleficarum: O Martelo das Feiticeiras”, esta obra se tornou praticamente a bíblia dos inquisidores e juízes laicos por mais de dois séculos.
[...] todos que desejem compreender (...) como as angústias de uma Idade Média em declínio puderam acender fogueiras às centenas, dizimar aldeias e províncias, devem ler o mais célebre tratado de demonologia que foi produzido no século XV, o Malleus Maleficarum de Sprenger [...] (MANDROU, 2007 p. 61)
            O Malleus Maleficarum divide-se em três partes: as duas primeiras, de caráter erudito, objetivam esclarecer, com base na análise das Sagradas Escrituras e dos doutores oficiais da Igreja, como as bruxas são agentes do Diabo, de que forma fazem o mal, quais os limites dos seus poderes e como podem ser curados os seus malefícios e feitiçarias; já a terceira parte trata dos procedimentos criminais contra as bruxas, ou seja, como torturá-las e matá-las, nos mostra Mandrou. Laura de Mello e Souza (1987), no livro “A Feitiçaria na Europa Moderna”, cita que não se pode compreender a caça às bruxas sem entender a importância do Diabo na crença cristã. Deus e o Diabo constituem realidades onipresentes e oniscientes no imaginário cristão. Se Deus é amor, e dele provém todo o bem, como explicar o mal que devassa a vida das criaturas? É necessário, portanto, que haja o seu complemento, o Diabo.
            Kramer e Sprenger esclarecem no tratado Malleus Maleficarum todo o contexto de bruxarias e feitiçarias, onde o diabo, o Príncipe das Trevas aproveita-se das fraquezas humanas, promete riqueza e satisfação dos desejos aos seus seguidores e os utiliza para a disseminação do mal. Mandrou nos diz que então, as feiticeiras nada mais são do que seguidoras do diabo. Os praticantes de feitiçarias e bruxarias firmaram livre e espontaneamente com o diabo um pacto e por isso devem ser condenados a morte. Entre a conduta condenada dos praticantes de magia esta sua participação no sabá, onde as feiticeiras, por exemplo, entregavam seu corpo e sua alma aos demônios, praticando as maiores orgias sexuais. Também recebiam poderes para desencadear os mais diversos e terríveis males, como destruir o gado, os frutos das árvores e da terra, provocar o aborto, impedir a consumação dos casamentos, através do famigerado feitiço da impotência e assassinar crianças, chegando até mesmo a elaborar ungüentos maléficos com a gordura das crianças mortas. (KRAMER, SPRENGER, 2001 pp. 43-44)
            Robert Mandrou coloca a situação existente nos séculos XV ao XVII de forma interessante, citando que pelas crenças populares terem origem pagã havia uma pressão uniformizante e demonizante destas pela doutrina católica oficial. Tudo o que não é cristão, é pagão, e tudo o que é pagão, é diabólico. Sob o manto do paganismo, inúmeras crenças foram estigmatizadas e equiparadas e, o que é mais grave, progressivamente identificada com os rituais diabólicos descritos pelos demonólogos. Carlo Ginzburg, porém, nos diz que houve uma interação mesmo que em partes simbólicas destas crenças pagãs, havendo até uma incorporação de elementos cristãos a crenças mais remotas. Assim a população acrescentava ao seu imaginário as lições da igreja Católica, enquanto que na igreja os elementos das crenças populares, antes condenados, vão assumindo uma função cristã.
            Mandrou aponta assim para a circularidade das crenças, o paganismo assumindo as crenças cristãs e a igreja Católica cristianizando elementos pagãos, como possível causa de mudança no imaginário da época, onde a feitiçaria, de crime condenado a morte passa a ser visto como crime de charlatanismo. Então, o que de primeira olhada talvez seja considerado como mudança radical de imaginário, na verdade é o resultado de uma circularidade de idéias, onde pela adoção de elementos, passa-se a ter uma tolerância ao que antes era intolerável.
            Ao optar pela Nova História ou História das Mentalidades, Robert Mandrou segue uma linha que sofreu inúmeras críticas, levando muitos historiadores das Mentalidades a reinterpretarem suas propostas iniciais, divergindo das suas linhas teóricas em diversos pontos. Dentre estas criticas podemos destacar as que contestam a própria existência dessas mentalidades comuns a homens de diferentes estratos sociais. No entanto, Mandrou desenvolve sua pesquisa de modos a dar uma base solida a esta, o que faz com seus escritos sejam aceitos e usados como referência.
Referências:
DEL PRIORE, Mary. História do Cotidiano e da vida privada. São Paulo, Universidade de São Paulo, 1993, p.16.
GINZBURG, Carlo. História Noturna: decifrando o sabá. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
KRAMER, Henry; SPRENGER, James. Malleus Maleficarum: O Martelo das Feiticeiras. 14ª ed. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2001.
MANDROU, Robert. Magistrados e feiticeiros na França do século XVII. São Paulo: Perspectiva, 2007. (Coleção Debates n. 126).
MELLO E SOUZA, Laura de. A Feitiçaria na Europa Moderna. São Paulo: Ática, 1987. (Série Princípios).
VAINFAS, Ronaldo. História das Mentalidades e História Cultural. In: Ciro Flamarion Cardoso e Ronaldo Vainfas (orgs) Domínios da História. Rio de Janeiro: Campus, 1997, p.149.
VERRI, Pietro. Observações sobre a tortura. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.


[1] Assim como Mandrou, Carlo Ginzburg, historiador italiano também integra o extenso rol de pensadores que, influenciados pelas idéias da “École dês Annales”, dedicaram-se à história da feitiçaria.
[2] Pietro Verri, em “Observações sobre a Tortura”, analisa um processo datado de 1630 que ficou conhecido como o “processo dos untores”, onde Verri ressalta como a tortura não constitui meio para se obter a verdade, mas ao contrário, para se confirmar as pré-suposições e desconfianças dos julgadores, impelidos tão-somente por uma confissão da prática delituosa.

Seminário de História Moderna II

As Mentalidades e o Cotidiano comparados aos Tempos Modernos de Charles Chaplin, essa foi à temática sugerida pela professora Sandra Nara da Silva Novais, na disciplina História Moderna II, onde os grupos iriam escolher um aspecto do texto de Adhemar Martins Marques, “As Mentalidades e o Cotidiano”, e ver como este mesmo aspecto pode ser detectado no filme de Charles Chaplin, “Tempos Modernos”.

A sala foi dividida em quatro grupos que escolheria um aspecto do texto. Os grupos ficaram assim definidos:

Grupo 01: Daniela, Luciana Cândida, Rita e Silvon. “Cultura Popular e Cultura Dominante” e “A Condição Camponesa na Itália Renascentista.

Grupo 02: Elda, Liddy, Luana e Marco Antônio. “Miséria e Insegurança em Paris, no tempo do Rei Sol”.

Grupo 03: Adelino, Emmeline, Juliana, Lilian e Wesley. “Comida e Bebida”.

Grupo 04: Fabiano, Luciana Carvalho e Rozenilda. “A Sexualidade: da Doutrina da Igreja à Realidade dos Comportamentos”.


Cada grupo teve uma hora para apresentação, usando Data show, trechos de filmes, objetos de época, etc. A professora Sandra Nara é flexível em como o grupo apresentara o seminário, dando sempre oportunidade para que se use a criatividade em grupo e individual.



Os grupos procuraram utilizar de vários recursos para que as apresentações se tornassem interessantes. Relacionado com os trabalhadores e camponeses, tivemos ferramentas como martelo e pincel, capacetes de obra, relógio de ponto antigo, com cartão de ponto personalizado para cada um na sala, relógio de ponto de guarda-noite e relógio de ponto digital. Sobre a Comida e Bebida, foi organizado um banquete pelo grupo... Rsrsrs Na apresentação sobre a Sexualidade alguns produtos eróticos foram exibidos como destaque das mudanças em relação ao sexo. Além disso, outros recursos foram utilizados como: Slides, trecho de filmes como: “Os Tempos Modernos”, “The Kid”, “As loucuras de Dick e Jane”. E também um quadro com pintura contemporânea.


A teórica das apresentações teve como foco a critica que Charles Chaplin, durante toda sua vida, apresentou sobre o tratamento dispensado a classe trabalhadora. As condições de miséria, porém, não são privilégios somente da era industrial dos dias de Chaplin. Os camponeses do Renascimento também tiveram de conviver com situações de miséria extrema e depois dos dias de Chaplin continuaram a ter tratamento desumano.


O filme de Charles Chaplin nos mostra todos os aspectos da crise Pós-Grande Depressão, e apesar disso não é um filme triste, é alegre e divertido, e nos mostra que mesmo quando os problemas parecem não ter solução, não devemos desanimar, pois sempre há um novo caminho a seguir.


Mas é possível conscientizar o espectador enquanto ele se diverte? O riso não espantaria a tomada de consciência? O filósofo Walter Benjamin, nos anos 1930, acreditava que os trabalhadores poderiam se conscientizar e elevar seu “espírito” na mesma medida em que se divertiam e se reconheciam nos personagens de uma obra. Benjamin admitia certas virtudes, artísticas e políticas, no cinema voltado para o entretenimento.

De modo descontraído, porém sério, o Seminário, deu oportunidade para que pudéssemos fazer uma reflexão sobre o mundo dos dias atuais e nossa participação como individuo e como grupo na sociedade.



sábado, 19 de novembro de 2011

Quero Você Carente


Quero que você resfrie.
Quero que você fique gripada.
Você fica tão carente quando esta resfriada,
Fica tão dependente do meu carinho.
Quando você fica gripada
Posso te aconchegar com ternura.

Passe o dia no meu colo, manhosa, birrenta.
Como uma gata, se esfregue em mim,
E peça carinho como uma criança.
Eu não vou te machucar, juro!
Eu só quero ter você perto do meu peito.

Menina, você é paixão!
Vem me dar este seu calor febril.
Deite-se neste colo que é só teu!
Noite escura... pujança.
A única luz que permanece
É a luz vinda de sua presença.


Quero você carente!
Jeito moleque... Criança.
Jeito maroto... Manhosa.
Encher tua alma... Mimos.
Coração acelera... Alegria.

Durma em meus braços.
Repouse em meu colo.
Faço-te um cafuné,
Dou-te um abraço
Pra te colorir e te cobrir
De bem querer.

Você tem seus caprichos,
Dorme no meu peito,
Dá-me seu calor pirético.
Solta um ganido quando eu passo
E me olha com cara pidona.
Eu te quero assim, carente do meu amor.

Você é um sonho pra mim!
Deite-se em meu colo
Que eu te mostro uma constelação
E digo-te: Bom dia minha querida!
Você é o tesouro mais precioso
Que um homem pode ter.

Quero você carente, grudenta, piegas.
Gaste todas suas horas comigo.
Sei recitar poemas,
Tocar violão,
Pintar quadros,
Fazer massagem e cafuné,
Para que você acorde sorrindo
Minha flor Ibérica!

Por: Silvon Alves Guimarães

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Vestibular 2012 UFG – A Manutenção de um Sonho

Aconteceu no dia 13 de novembro de 2011, no horário de 13h00min às 18h10min, a primeira fase do vestibular da Universidade Federal de Goiás. Todo ano este acontecimento movimenta milhares de pessoas, algumas buscando sonhos, outras tentando ajudar na realização destes sonhos. Neste ano foram cerca de trinta e sete mil candidatos que se inscreveram para tentarem uma vaga neste tão concorrido instituto de ensino.

Na cidade de Jataí foram realizadas provas em seis locais diferentes. Eu estive presente no prédio do Cesut, Centro de Ensino Superior de Jataí, onde já tive a oportunidade de ajudar no ano anterior, 2010. Para o sucesso do vestibular, a UFG conta sempre com a colaboração, na sua maioria, de pessoas que compõem a família UFG, ou seja, alunos de graduação, da especialização, do mestrado e funcionários das diversas áreas.


Para a execução do vestibular, os trabalhos, iniciaram a vários dias, culminando no treinamento de todos os que estarão diretamente envolvidos no processo. Portanto, no sábado, dia 12 de novembro, em cada local onde as provas foram realizadas, aconteceu uma reunião com os inscritos para ajudar no pleito. Nesta reunião foi repassado a função de cada membro e como ele poderia desempenhar sua função da melhor forma possível. Prioriza-se nesta ocasião, o vestibulando, que é a razão para toda essa movimentação.

No dia do vestibular a movimentação é intensa. O supervisor e os coordenadores têm de estar no local por volta das 08h00min, para se certificarem de dar andamento no processo. A partir das 11h00min, os demais colaboradores chegam para o trabalho. Cada um recebe o seu material de trabalho e se dirige para o seu posto. Ao meio dia, os portões são abertos para acesso dos vestibulandos, que passam por uma revista na entrada e podem se dirigir para suas salas. Revistas no detector de metais, conferências de papeis de inscrição, conferência de documentos, assinaturas, assinaturas, assinaturas... Enfim o candidato pode ocupar o seu lugar. Todos têm que aguardar até as 13h00min, sem direto a banheiro, para então, receber as provas.

A partir das 13h10min os candidatos são autorizados a abrir suas provas e responde-las. E também são liberados para irem ao banheiro, acompanhados por um fiscal de corredor, é claro. Na entrada do banheiro o candidato tem que submeter a uma revista no detector de metais, e na saída do banheiro também. Os banheiros femininos sempre são um caos, devido ao grande numero de mulheres que prestam vestibular. As 16h00min os candidatos recebem o cartão resposta. A partir das 17h30min, e somente a partir de então, os candidatos que tiverem terminado, podem sair da sala deixando também o prédio. Restam agora 40 minutos para o final do processo seletivo. Quando é soada a sirene às 18h10min todos os candidatos que ainda estiverem em sala têm de entregar seu cartão resposta e deixar o prédio.


Neste período, eu observo a manutenção de um sonho. Os candidatos, alguns jovens, outros nem tanto, estão á procura de um caminho, acreditam que a entrada na universidade pode abrir o caminho para uma vida melhor. Exagero de minha parte? Pode ser. Mas no fundo, quem é que não nutre pensamentos românticos de alcançar um futuro melhor do que o passado e o presente? Os pais e outros familiares ajudam a manter essa aura de positividade em torno do vestibular. Eles fazem isso pela presença e pelas palavras de incentivo. Toda equipe da UFG também acredita e ajuda a manter a magia da universidade. Fazem isso pelo trabalho que realizam, e embora haja um pagamento, a maioria de nós o faz por gostar e acreditar no sistema universitário.

Hoje há muita discussão em torno do vestibular. Se ele é eficiente ou não. Projetos tentar eliminar de vez o vestibular. Muitos acreditam que outras formas de se ingressar na faculdade seriam mais justas. Será mesmo? O Enem é uma tentativa de fazer o ingresso na universidade de forma mais equitativa. Qual tem sido o resultado? Um fiasco atrás do outro, é o que temos visto. Acabar com o vestibular, na minha visão, não é a solução. Se houver uma preocupação com a educação de qualidade e desde a infância, o jovem poderá chegar no vestibular com todas as condições de entrar na universidade e prosseguir na busca de seus sonhos de um futuro melhor.

Eu Participei! Eu escrevi!


sábado, 12 de novembro de 2011

Escola da Ponte – Educando para a Diversidade

Na conferência de encerramento do XXVI Congresso de Educação do Sudoeste Goiano, realizado no período de 7 a 11 de novembro, tivemos a oportunidade de ouvir uma excelente conferência, aliás, conforme definição do palestrante, um “diálogo”, com o Professor José Pacheco, da Escola da Ponte em Portugal. Com um alto poder de comungação, o professor José Pacheco, conseguiu capturar a atenção da assistência de tal forma que se não fosse o fato dele se cansar, nós, a assistência, seriamos capazes de ficar mais tantas horas só diálogando com o professor.

Em entrevista a Vitor Casimiro, Exclusivo para o Portal Educacional, José Pacheco fez a seguinte afirmação:

"Será indispensável alterar a organização das escolas, interrogar práticas educativas dominantes. É urgente interferir humanamente no íntimo das comunidades humanas, questionar convicções e, fraternalmente, incomodar os acomodados". disponível: http://www.educacional.com.br/entrevistas/entrevista0043.asp)

As palavras do Professor traduzem o que acontece na prática na Escola da Ponte. Trata-se de uma escola onde não há aulas, onde não há series, onde não há provas, onde quem dirige a escola são os pais dos alunos. Uma escola engraçada? Com certeza o professor afirmaria: Uma escola Séria! Mas pelo motivo de fugir aos padrões convencionais, muitos a classificaria como engraçada, no intuito, claro, de diminuir o trabalho feito ali.


Nada na escola da Ponte, reporta ao tradicional que conhecemos. Nessa escola da vila das Aves, em Portugal, as crianças decidem o que e com quem estudar. Não há ali divisão em classes, ou grupos de estudos. As crianças tampouco estão divididas por faixa etária. A vontade aprender une essas crianças e as motivam a criarem projetos de estudo. Assim que se termina um projeto se dá inicio a outro, conforme o interesse dos próprios alunos.
Ao dar início ao “dialogo” de encerramento do Congresso de Pedagogia, o professor José Pacheco, o fez de uma maneira também diferente. Em vez de seguir um habitual e cansativo esboço previamente preparado, o professor se propôs a responder as perguntas que nós tínhamos. Uma bela maneira de envolver-nos na palestra!

Depois de alguns minutos, onde buscávamos uma pergunta adequada, foi feita a primeira pergunta, e a partir desta, foi conduzida todo o diálogo. A pergunta foi: “Que perguntas foram feitas, no inicio, que levaram a criação da escola da Ponte como escola não-tradicional?” O que se seguiu foram explicações de quem realmente está convicto do que faz. O professor José Pacheco contou um pouco de sua história pessoal, que foi fundamental para que ele se engajasse nesse projeto tão ousado.

Nascido em uma favela, José Pacheco, afirma que tinha todos os motivos para ter como final de vida, balas ou facas. Com pai alcoólatra e a mãe a ponto de morrer de exaustão, pelo trabalho duro que fazia, o professor diz que sua situação na infância fora cercada de miséria, fome, penúria. Mas o que mais marcou a sua vida, segundo suas palavras, foi à exclusão que sofreu quando entrou na escola.

Pobre, favelado, pequeno e estrábico. O professor tinha tudo pra não dar certo na vida. Porém, a discriminação, a exclusão que sofreu o levou a jurar pra si mesmo, que seria professor, para se vingar, pois ninguém seria alvo de exclusão na escola em que ele estivesse. Vários caminhos foram percorridos, muitas decepções, muitas alegrias, até que o professor teve, segundo ele um clarão (inside), que o levou a fazer perguntas sobre o seu objetivo como professor, sobre os valores que eram ensinados, sobre como poderia melhorar.


O resultado se traduz na escola da Ponte, uma escola inclusiva, não-tradicional, que dá oportunidades iguais a todos. E o mais interessante produz resultados melhores do que as tradicionais. O professor Pacheco disse que na prática, ainda hoje, muitos pais têm dificuldade em conceber uma escola diferente daquela que a frequentaram quando alunos, mas que, quando esclarecidos e conscientes, aderem e colaboram.

Eu assisti! Eu escrevi!


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

AMOR IMPOSSÍVEL


Sou adepto dos amores impossíveis.
Apego-me sempre a quem jamais terei.
Se te vejo assim tão distante
Continuo a desejar que esteja próxima.
Sou como o sol
Que se apaixonou pela lua.

Eu acredito em amores eternos,
Daqueles que nos acompanham aonde vamos.
O amor eterno é o amor impossível.
Os amores possíveis começam logo a morrer,
E procuramos neles uma pureza da impossibilidade.

Hoje choro lágrimas por saber
Que você é meu amor impossível.
Choro lágrimas de alegria
Por saber que esse amor é meu
E que apesar de impossível será eterno.

Percebo o tamanho da loucura que vivo,
Pois você em breve estará enlaçada
Por um amor possível,
E eu continuarei todos os dias
Com a tristeza a me sufocar,
Com a solidão a me diminuir,
Mas alegre por ter esse amor eterno.

Meu amor impossível, se um dia,
Eu sorrindo passar por você fingindo
Alegria nesse olhar amante,
Não me olhe,
Procure esconder de meus olhos inocentes
O amor que sempre estará ausente.

Entrego-me a ânsia do meu querer.
O meu olhar te espera num rio sem margens,
Invisível para nós.
Mas é na beira desse rio seguro e eterno
Que sigo buscando o seu amor,
O amor impossível.

O SIGNO LINGUÍSTICO NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO E DE SIGNIFICAÇÃO DA IMAGEM DO POEMA – UMA ANÁLISE DA POESIA DE GUIMARÃES FILHO - Parte 4

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