Fichamento Citação
LIBÂNO,
José Carlos. Uma escola para novos
tempos. IN: Organização e gestão da escola: teoria e prática. Goiânia: MF
Livros, 2008. pp. 45-62.
Capítulo II
“As
instituições escolares vêm
sendo pressionadas a repensar seu papel diante das transformações que
caracterizam o acelerado processo de integração e reestruturação capitalista
mundial.” (p.45).
“... novas formas de
funcionamento e reestruturação do capitalismo no quadro de um conjunto de
transformações que vem sendo chamado de globalização. O modelo econômico
segue a lógica da subordinação da sociedade às leis do mercado, visando à
lucratividade, para o que se serve da eficiência, dos índices de produtividade
e competitividade”. (p.46).
“O modelo econômico,
conhecido por neoliberalismo, ter trazido consequências bastante prejudiciais
às políticas sociais dos países e o empobrecimento da população, como tem sido
reconhecido por alguns dos organismos internacionais, como Banco Mundial, e por
empresários (...) Aqueles que não conseguirem competir formarão o segmento dos
excluídos sociais (...) Sendo assim, o usufruto ou a falta da educação básica (...)
passa a ser determinante da condição de inclusão ou exclusão social, porque o
mercado de trabalho não aceita mais mão-de-obra não qualificada”. (pp.47,48).
“... Conforme o sociólogo
francês Alain Tourraine (1995), estamos vivendo presentemente a passagem da
sociedade industrial para a sociedade informacional. (...) Há, portanto, um
papel insubstituível das escolas e dos professores de propiciar as condições
intelectuais para toda a população, de modo a ampliar sua capacidade reflexiva
e crítica em relação as condições de produção e de difusão do saber científico
e da informação”. (pp. 48,49).
“... Isso significa,
também, que menor ou maior acesso à educação escolar e a outros bens culturais
determina a qualidade da participação popular nos processos decisórios
existentes na sociedade civil (...) No campo da ética, o mundo contemporâneo
convive com uma crise de valores, predominando um relativismo moral baseado no
interesse pessoal, na vantagem, na eficácia, sem referência a valores humanos
como a dignidade, a solidariedade, a justiça, a democracia, o respeito a vida”.
(pp.49,50).
“... No plano
socioeconômico, o ajustamento de nossas sociedades a globalização significa a exclusão
de dois terços da humanidade dos direitos básicos de sobrevivência, emprego,
saúde, educação. No plano cultural e ético-político, a ideologia neoliberal
prega o individualismo e a naturalização da exclusão social, considerando-se
essa como sacrifício inevitável no processo de modernização e globalização da
sociedade. No plano educacional, a educação deixa de ser um direito e
transforma-se em serviço, em mercadoria, ao mesmo tempo em que se acentua o
dualismo educacional: diferentes qualidades de educação para ricos e pobres”.
(pp.50,51).
“... Ela cumpre funções
que não são providas por nenhuma outra instância, ou a de prover formação geral
básica - capacidade de ler, escrever, formação científica, estética e ética, desenvolvimento
de capacidades cognitivas e operativas”. (pp.51,52).
“... O valor da
aprendizagem escolar, com a ajuda pedagógica do professor, está justamente na
sua capacidade de introduzir os alunos nos significados da cultura e da ciência
por meio de mediações cognitivas e interacionais”. (p.52).
“...Por isso, é
necessário que proporcione não só o domínio de linguagens para a busca da
informação, mas também para a criação da informação. Ou seja, a escola precisa
articular sua capacidade de receber e interpretar informação, como a de
produzi-la, considerando-se o aluno sujeito do seu próprio conhecimento”.
(p.53).
“Em relação ao primeiro
objetivo, o que está em questão é uma formação que ajude o aluno a
transformar-se num sujeito pensante, (...) O segundo objetivo visa a assegurar
a ligação entre os aspectos cognitivo, social e afetivo da formação (...) O
terceiro objetivo propõe que a escola contemporânea atenda às demandas
produtivas e de emprego”. (p.54).
“O quarto objetivo
refere-se à educação do trabalhador-cidadão. (...) O quinto objetivo visa a
propiciar conhecimentos, procedimentos e situações em que os alunos possam
pensar sobre valores e critérios de decisão e ação perante problemas do mundo da
política e da economia, do consumismo, dos direitos humanos, das relações
humanas (...), do meio ambiente, da violência e das formas de exclusão social
e, também, diante das formas de exploração do trabalho humano que subsistem na
sociedade capitalista”. (p.55).
“... a escola tem um
papel insubstituível quando se trata de preparação cultural e científica das novas
gerações para enfrentamento das exigências postas pela sociedade contemporânea.
A escola tem o compromisso de reduzir a distância entre a ciência cada vez mais
complexa e a formação cultural básica a ser provida pela”. (p.56).
“Dentre os ideais da escola
pública destacam-se o da igualdade de oportunidades em geral e, em particular,
o da igualdade de direitos entre homens e mulheres (...) Propõe-se também que
as escolas e os professores não façam uso sexista da linguagem corrente”.
(p.57).
“Há diferentes
entendimentos em relação à educação ambiental. A corrente conservacionista
defende a preservação das matas, dos animais, dentro de uma noção de natureza
biofísica intocável (...) A corrente naturalista propõe uma forma de educação
pelo contato com a natureza, a vida ao ar livre (...) A corrente da gestão
ambiental incentiva ações de movimentos sociais, de comunidades e de governos
na luta pela despoluição das águas e do ar (...) A corrente da economia
ecológica, que agrupa organismos internacionais, (...)se caracteriza por
defender tecnologias alternativas no trato da terra, no uso da energia, no
tratamento dos resíduos etc.” (p.58).
“... As pessoas precisam
ser convencidas a se engajar em campanhas para a coleta seletiva do lixo, a
adquirir o hábito de não jogar coisas na rua, a não mutilar a natureza, a lutar
contra a poluição ambiental etc. Um outro sentido da atitude ecológica é o de
recusar um conceito de progresso baseado na capacidade de possuir mais objetos
e bens de consumo”. (p.60).
“... Uma educação intercultural
requer que as decisões da equipe escolar sobre objetivos escolares e
organização curricular reflitam os interesses e necessidades formativas dos
diversos grupos sociais existentes na escola (...) O que se propõe é que,
com base em uma atitude coletiva definida pela escola no sentido de um
pluralismo cultural (...) seja formulada uma proposta curricular que incorpore
essa visão intercultural (...) É preciso considerar, além disso, que os alunos
trazem para a escola e para as salas de aula um conjunto de significados,
valores, crenças, modos de agir, resultante de aprendizagens informais, que
muitos autores chamam de cultura paralela ou currículo extra-escolar”. (p.61).
Resenha:
Apresentação
do autor
José Carlos Libâneo é um dos maiores pensadores
brasileiros que tem dedicado todo o seu tempo a refletir sobre a formação de
professores, na defesa intransigente da consolidação de uma escola pública de
qualidade em nosso País. Suas reflexões sobre didática e prática de ensino e
sobre a própria perspectiva crítico-social dos conteúdos escolares certamente o
colocam entre os mais importantes teóricos progressistas da educação nos
últimos tempos. A sua preocupação com a prática pedagógica pode ser
confirmada pela sua dissertação de mestrado em filosofia da Educação, em 1984
na PUC/SP. Nesta mesma Universidade, em 1990, ele defende sua tese de
Doutoramento, que versa sobre os fundamentos teóricos e práticos do trabalho
docente. Suas obras mais conhecidas são a Democratização
da Escola Pública - A pedagogia crítico-social dos conteúdos (1984) e Didática (1990). Libâneo é bastante
conhecido em nosso meio educacional pelas profundas contribuições teóricas que
vêm produzindo na área, articulando a reflexão crítica sobre a natureza
histórico-social dos conteúdos de ensino e a própria didática de transmissão
destes conhecimentos na perspectiva de uma metodologia que objetive – de forma
competente – a emancipação histórico-crítica dos alunos no processo de ensino e
aprendizagem no interior da escolarização.
Capítulo
II – Uma Escola Para Novos Tempos
O
Capítulo II do livro “Organização e Gestão da Escola. Teoria e Prática”,
intitulado “Uma Escola Para Novos Tempos” José Carlos Libâneo, entende que o
mundo contemporâneo pede uma participação ainda maior da escola. O
mundo de hoje passa por transformações profundas nas esferas da economia, da
política, da cultura, da ciência. Do lado econômico conjugam-se os avanços
científicos e tecnológicos na microeletrônica, bioenergia, informática e meios
de comunicação, com a globalização da economia que é, na verdade, a
mundialização do capitalismo. Segundo Libâneo, as associações entre ciência e
técnica acabaram por propiciar mudanças drásticas nos processos de produção e
transformações nas condições de vida e de trabalho em todos os setores da
atividade humana, gerando o
agravamento da exclusão social.
A
intenção do autor em seu texto é discutir as transformações que influenciam diretamente
a escola e o trabalho docente. A princípio traça o perfil do cenário econômico
atual, abordando as transformações nas formas de produção baseadas nas novas
tecnologias e no capitalismo financeiro. Neste contexto, têm-se as empresas que
possuem o poder absoluto e um Estado Neoliberal que cada vez mais diminui o seu
papel de interventor. Como, consequência, as pessoas são estimuladas a se
preparar para competir e se manterem no mercado de trabalho, conseguindo assim
gerar seus meios de vida. Essas empresas, considerando os avanços tecnológicos,
exigem profissionais qualificados com mais conhecimento e cultura, em razão das
modificações na organização do trabalho.
Além das
transformações no ambiente de trabalho, Libâneo cita a grande quantidade de
informação disponível, em virtude dos avanços nos meios de comunicação, a
diminuição da crença na ação pública na solução dos problemas da sociedade, a
falta de ética entre as pessoas e o aumento da exclusão social. Essas
transformações, no entendimento do autor, exigem um novo tipo de escola que não
se preocupe em apenas formar alunos para o trabalho, mas que ofereça uma
educação que provê formação cultural e científica, ou seja, aquela provida pela
ciência, pela técnica, pela linguagem, pela estética, pela ética. Uma escola de
qualidade que luta contra a exclusão econômica, política, cultural e pedagógica.
Que seja voltada para a formação de indivíduos críticos, autônomos e
reflexivos. Que estes ao entrarem em contato com a informação saibam ler,
interpretar e trazer para o próprio contexto e assim ser capaz de intervir.
Segundo
Libâneo é necessário haver uma síntese entre o conhecimento formal e a cultura experiênciada,
a partir do desenvolvimento de capacidades cognitivas, operativas e sociais dos
alunos. O autor acredita que com isso é possível ampliar os objetivos da
escola, possibilitando igualdade de oportunidade em geral e entre homens e
mulheres; a conscientização com as questões ambientais; e uma educação
intercultural que compreende o acolhimento da diversidade humana na sociedade.
Conclusão
Diante
das discussões levantadas pelo professor Libâneo, foi possível entender a força
poderosa das informações. Esta força tem dominado especialmente as pessoas que
estão afastadas do conhecimento. É neste ponto que a escola e o professor podem
fazer a diferença, disponibilizando o conhecimento que possibilita a liberdade
intelectual e política para que assim as pessoas possam dar significado à
informação, ou seja, para que possam julgá-la criticamente e tomar decisões
mais livres e mais acertadas.
Ao
abordar a globalização, entendemos que neste processo, os países mais pobres ou
menos ricos, são forçados a se adequarem econômica, política, educacionalmente
aos interesses do capitalismo mundializado. A globalização segue a lógica do
mercado, que visa o lucro e, portanto, não leva em conta o bem do cidadão. Os
educadores, em todos os seguimentos, precisam levar em contas as transformações
do mundo contemporâneo.
A vida contemporânea afeta
as práticas de convivência humana, as pessoas estão mais isoladas e mais
egoístas, há muito mais violência, as crianças estão mais impacientes e mais
dispersivas na sala de aula. Outra coisa: hoje estamos cercados de informação
via meios de comunicação, por causa dela compramos certas coisas e não outras,
ligamos em determinado programa de televisão, compramos certas marcas de tênis,
de roupa, apoiamos o candidato que tem mensagens mais convincentes sejam elas
verdadeiras ou não. Ela desperta nas pessoas necessidades e desejos que muitas
vezes nem podem ser satisfeitos e isso pode gerar revolta, frustração. Além
disso, há problemas globais que atingem todos os países como a devastação
ambiental, o desequilíbrio ecológico, o esgotamento dos recursos naturais, os
problemas atmosféricos.
O que isso tem a ver com a
educação? Tem tudo a ver. O professor Libâneo em seu texto ajudou-nos a
perceber a necessidade de uma ação positiva a favor da educação, por parte do
poder público, por parte dos docentes, por parte da comunidade, enfim, uma ação
positiva por parte de todos os envolvidos no processo educativo, pois, privar
os grupos sociais pobres ou empobrecidos da educação, da saúde, dos benefícios
sociais é ampliar ainda mais o contingente de excluídos.
Parabéns pela obra publicada!
ResponderExcluirPaullo Oppenheir
Obrigado, Paullo Oppenheir! Agradeço a visita.
ExcluirParabéns, ótimo trabalho!
ResponderExcluirQue bom que gostou, Fernanda Ribeiro! Volte sempre.
ExcluirPerfeito! Obrigada pela colaboração. E Parabéns pelo amor de não guardar só para você seu conhecimento.
ResponderExcluirObrigado! Volte sempre.
ExcluirÓtimo! Me ajudou muito. Parabéns!
ResponderExcluirFico feliz de saber isso, Delza. Espero suas visitas sempre.
ExcluirParabéns!
ResponderExcluirMuito enriquecedora essa matéria,abre um leque imenso de reflexão sobre o que realmente é a educação ,não só como conteúdos programáticos mas como a formação integral do educando,frente a esse mundo cada vez mais exigente e globalizado .
Obrigado, Renata Pasini! A Educação é um tema sempre interessante. Como educadores temos que estar abertos às discussões que possam melhorar a qualidade do ensino.
Excluirobrigado salvou me trabalho!!
ResponderExcluirQue bom! Tive muita dificuldade quando estava na faculdade e não encontrava nada que pudesse dar um norte para r os trabalhos. Fico feliz de ter ajudado. Abraços.
Excluirgostei muito do seu blog. Parabéns!
ResponderExcluirObrigado! Volte Sempre.
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