Lembro-me do tempo
Em que você simplesmente
Queria fazer as malas e ir para o céu.
Recordo-me da época em que você não queria
Deixar o tempo nos passar.
Houve dias em que voávamos juntos
Pra qualquer lugar,
Não importávamo-nos com nada
Simplesmente voávamos juntos.
Você adorava, Achava lindo, pensava na gente.
Não precisa me lembrar de nada,
Sei de tudo o que aconteceu,
Não vou fugir do que passou.
Sinto muito se eu não fui o seu melhor amor.
O que posso fazer por você?
Talvez eu coloque as roupas na maquina de lavar.
Eu porei uma boa dose de amaciante.
Vou deixar a luz da sala acessa,
Assim caso você precise levantar de noite
Não tropeçará nas cadeiras que deixei
Espalhadas pela sala e corredor.
Você pensava na gente, sonhava comigo.
Talvez eu transforme essa febre em
“quero-te só para sonho”.
Tenho que ter cuidado com a máquina
De revelar quem não sou, pois o amanhã
É ilusório e um fardo de jóias compradas com
O sangue e o suor do suingue descabido
Da dança depois da terceira taça de La Romanée-Conti.
Se depois de um ano eu não vir
Ponha a roupa da maquina no varal.
Você sempre dizia pra não deixar minha vida
Ficar muito séria.
Sinto que não percebi a tempo as diferenças
Fundamentais entre o cesto de roupas sujas e o chão.
Então o espião do Reich conseguiu matar Erskine.
Resta saborear a primeira chuva que virá
E tomar cuidado pra não deixar os bichinhos
Emocionalmente suspensos em um formigueiro
Com ovos em pé.
Saí da maquina musculoso e nomeei o meu novo EU.
Lembro-me do tempo em que voávamos juntos
E não fazíamos as malas.
Você não queria deixar o tempo nos passar,
Mas eu tropecei no asfalto,
Fiquei pra trás com o dedão sangrando
E com o coração derretendo.
E agora, o que posso fazer por você?
Talvez eu leve a maquina de costura para o conserto
Hoje de manhã.
Tenho lembranças estranhas: um cão esverdeado,
Teias de aranha azuis, uma janela de Pau-Brasil.
Talvez em uma hora eu não esteja mais aqui
E será um alívio voar sobre as planícies
Do planalto da Jailhouse.
Por: Silvon Alves Guimarães
Esse texto traz uma confusão própria do amor e do fim que não chega! Obrigada pelas doces visitas moço gentil...
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