“O Super-homem é o sentido da Terra... Eu
ensino-vos o Super-homem. O homem é algo que deve ultrapassar-se”. Nietzsche
ao formular a sua teoria do super-homem, tem em mente o individuo que consegue
buscar a liberdade do eterno negativo, que é visto como algo doentio, que é a
base da civilização Cristã-ocidental. O super-homem Nietzschiano consegue
completar uma transmutação plena, saudável, definitiva de todos os valores que
anteriormente reinavam para o caos humano. Ao se encontrar em um mundo novo,
que não se centraliza em Deus, mas em si próprio, que busca sua afirmação como
ser absoluto dos seus desejos e vontades, o super-homem se vê em um universo
que não mais tem um sentido definido, cabe a ele inventar esse sentido novo. A terra
se torna uma nova morada, e ele se vê com poderes totalmente novos, poderes que
o habilitam a dar o sentido que desejar a terra e até ao universo inteiro.
Para
Nietzsche o que torna o homem um ser sobre-humano é o fato de ele ter esta vida
como absoluta e única, mas ao mesmo tempo dizer sim, ao eterno retorno de tudo
o que se vive, aclamar a idéia de que esta vida será revivida infinitamente tal
como foi vivida. Tanto o prazer como a dor serão eternamente revividos.
O
super-homem rompe com a moral cristã, rejeita a metafísica dualista, destrói a
cisão: Mundo do devir (passageiro) X mundo do ser (eterno). Para o super-homem
o mundo dura infinitamente, portanto o mundo do devir será eterno e se torna o
verdadeiro mundo do ser.
O rompimento
com a moral cristã-ocidental se deu pelo fato de esta conduzir a um constante
reducionismo da vida. Ao dizer que a verdadeira vida estava noutro mundo
(além), a moral cristã reduz esta vida a nada, uma vida sem sentidos, onde nada
do que se realiza pode ter um sentido dignificante. O super-homem tem uma
duração eterna aqui na terra, ele declara seu amor a terra, um amor absoluto,
um amor eterno, como sua própria existência.
A moral
cristã-Ocidental, com seu reducionismo do além, atrofiava a vida humana
impedindo que o ser humano se entregasse plenamente ao mundo do devir, à Terra.
O super-homem liberta a vida desse fardo do além e estabelece o seu ser como
sendo o próprio sentido da Terra. O homem existe para a Terra, assim como a
Terra existe para o homem. A Terra será eterna, o Homem será eterno, terá um
retorno eterno do seu viver.
Nietzsche
fala sobre o retorno a idéia de eternidade e ao mesmo tempo sobre uma
recuperação da inocência por parte do super-homem. Esta inocência recuperada se
deve ao fato de que ele não mais está preso ao pensamento reducionista cristão,
que desvalorizava a vida, que estabelece juízo e uma concepção de Bem e Mal e
tende a podar o sentido eterno da vida. O super-homem Nietzschiano é eterno e
por isso não se submete a nenhum juízo final. Por reviver eternamente o vivido,
carrega consigo o aprendizado do sofrido e do prazeroso, podendo assim
sobrepujar seus problemas e vencer suas angustias.
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