INTRODUÇÃO:
Antecedendo
à entrevista com alguns professores e alunos, procurei fazer uma breve reflexão
sobre didática como elemento pedagógico e também sobre as discussões acerca da
necessidade de preparação ou planejamento, tanto da parte dos professores
quanto dos alunos, para um melhor aproveitamento da aula.
A
palavra Didática vem do grego “techné di
daktiké”, que pode ser corretamente traduzida como a arte ou técnica de
ensinar. Desta forma, entende-se esta disciplina como sendo a parte da
pedagogia que se ocupa dos métodos e técnicas de ensino destinados a colocar em
prática as diretrizes da teoria pedagógica. Metodologicamente, a Didática,
estuda os diferentes processos de ensino e aprendizagem.
O
planejamento das atividades de aula e da rotina escolar que segue o modelo
construtivista e considera as subjetividades dos alunos e os contextos
histórico-temporais, voltados à sociedade, à comunidade e, acima de tudo, aos
acontecimentos significativos vinculados à identidade social e etária do grupo,
deve focar na flexibilidade educacional, para alcançar seus objetivos
pedagógicos e educacionais.
No ínterim, o professor consciente, deve estar
em consonância com o projeto pedagógico da escola e com a coordenação escolar, propor
e desenvolver projetos didáticos que se projetem como significativos vetores de
cooperação, cidadania, construção coletiva do conhecimento e de aprendizagem
significativa.
ENTREVISTA:
a)
Como vocês veem o planejamento das
atividades educacionais?
P1: O planejamento ajuda a atingir o meu
objetivo; que o aluno aprenda, ou seja, que ele absorva tudo que foi
apresentado em sala de aula.
P2: Com certeza, para mim também, a
aprendizagem é o alvo a ser atingido. Vejo na elaboração do planejamento de
aula, uma oportunidade de assumir o meu papel como educador e organizar minhas
intencionalidades.
P3: O planejamento para as atividades em
sala de aula, oferece a chance de mudarmos o nível de: “como e com o que fazer”
(conteúdos), para “o que fazer e para quê” (educação).
P4: Durante o planejamento de aulas, tenho
a oportunidade de considerar os aspectos sociais da comunidade, problemas e
necessidades locais e, por fim, a diversidade dentro da sala de aula.
b)
Quais as características que um bom
planejamento deve ter?
P1: Penso que um bom planejamento deve
focar na aprendizagem de todos, deve operacionalizar os conteúdos fundamentais.
P2: São muitas características para se ter
um bom planejamento. Mas, acredito que um fator importante é que, no final, ele
seja o produto de uma discussão que envolva toda a comunidade escolar.
P3: Sem dúvidas, depois de reunir todas as
características, já citadas pelos meus colegas, é preciso monitorar o
desempenho do planejamento escolar, dando sempre uma abertura para
redirecionamentos.
P4: O planejamento das aulas deve conter
princípios pedagógicos que correspondam ao contexto e à prática da sala de aula
dos professores. Além do mais, é preciso prever tempo para a formação docente e
para reuniões pedagógicas. O que tem sido um problema, devido à alta carga
horária que muitos de nós têm de cumprir.
c)
Por favor, destaquem algumas estratégias
de ensino que, na visão de vocês, sejam relevantes?
P1: São várias estratégias importantes, e
às vezes eu utilizo mais de uma. Mas, vou destacar apenas duas: primeira, a
aula expositiva dialogada (muito utilizada), que consiste na apresentação oral
de um assunto de maneira lógica, com participação ativa dos estudantes.
Segunda, a estratégia “Phillips 66”,
que é uma variação da discussão de pequenos grupos. Os grupos são constituídos
por seis membros que discutem o assunto durante seis minutos, em seguida fazem
uma rápida apresentação para toda a turma.
P2:
Também
utilizo de várias estratégias de ensino. Para não citar as mesmas que meu
colega, gosto de utilizar a chamada “Brainstorming”,
tempestade de ideias, ou tempestade Cerebral, que estimula o estudante a gerar
novas ideias de forma espontânea ou natural, deixando fruir a imaginação. E
também, usualmente utilizo os mapas conceituais, que consistem na construção de
um diagrama que indica a relação de conceitos de uma perspectiva bidimensional,
procurando mostrar as relações hierárquicas entre os conceitos pertinentes e
estrutura do conteúdo.
P3:
Utilizo
como estratégia de ensino, trabalhos em grupo, pois a meu ver, esse tipo de
atividade facilita a construção coletiva do conhecimento; permite a troca de
ideias e opiniões; favorece o debate e a participação dos alunos; ajuda no
desenvolvimento de habilidades de síntese, coordenação, colaboração, análise,
aceitação de opiniões divergentes e autodisciplina; além de possibilitar a
prática da cooperação. Outra estratégia que costumo usar é o estudo de texto.
Exploramos as ideias de um autor a partir do estudo crítico de um texto.
P4:
A
solução de problemas é uma das estratégias que procuro utilizar. Apresento a
turma uma situação nova, que exija um pensamento reflexivo, crítico e criativo
a partir dos dados fornecidos na descrição do problema. Os alunos terão, então,
que aplicar princípios, leis que podem ou não ser expressas em fórmulas
matemáticas. Outra estratégia que tenho utilizado é a de júri simulado que,
como o próprio nome sugere, é a simulação de um júri em que, a partir de um
problema, são apresentados argumentos de defesa e de acusação. Essa estratégia,
pode levar o grupo à análise e avaliação de um fato proposto com objetividade e
realismo, à crítica construtiva de uma situação e à dinamização dos alunos para
estudar profundamente um tema real.
ANÁLISE:
Em
nossa roda de conversa, percebemos que o ato de planejar é uma constante
necessidade em todas as áreas da vida e também, ou ainda mais, na educação.
Planejar é analisar uma realidade e tentar prever as formas alternativas de uma
ação que possibilite a superação das dificuldades que possam surgir ao longo do
caminho educacional.
O
planejamento didático também é um processo que envolve operações mentais, como:
analisar, refletir, definir, selecionar, estruturar, distribuir ao longo do
tempo e prever formas de organizar e agir.
Outro aspecto que ficou subentendido
em nossa conversa foi que o plano de aula é apenas um roteiro, um instrumento
de referência e, como tal, é abreviado, esquemático, aparentemente sem cor e
sem vida. O professor, ou os professores, pelos seus esforços em conjunto, é
que darão relevo, cor e vida ao planejamento escolar. Cabe ao educador
impregnar o plano didático com sua personalidade, seu entusiasmo, suas
expressividades e habilidades.
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