Relativismo,
Multiculturalismo... Estas palavras podem muito bem descrever o mundo social da
atualidade. Uma sociedade marcada pela mudança. Mudar sempre é o lema. Em sociedade
tão dinâmica como a nossa não consegue conviver com o passado e nem com o que
provêm deste passado, mesmo o passado remoto.
Selva Guimarães
Fonseca (2003) menciona que a “mudança se tornou a pedra de toque da criação”. O
que rompe com o passado, portanto, se torna a criação. O homem da atualidade
não passa por um rompimento com o passado, ele já carrega a ruptura dentro de
si. Por isso não devemos tomar como exageradas as palavras de Fonseca (2003)
quando ela menciona que hoje está ocorrendo uma “mudança no interior da mudança”.
Em meio a esse mundo
veloz nas mudanças, em meio à crise da educação, os educadores de História se
confrontam com o seguinte dilema: como conseguir estabelecer uma relação orgânica
entre educação, cultura, memória e ensino de História? Faz-se urgente a
compreensão das Leis de Diretrizes e Bases (LDB) e os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs).
Fonseca (2003) cita
Hanna Arandet (1972) que menciona que a educação “esta entre as atividades mais
elementares e necessárias da sociedade humana”. Mas o que vem a ser educar? Educar
é formar, é socializar o homem para não se destruir, para evitar o caos.
Por esse olhar a
educação esta diretamente ligada com a preservação da experiência humana, que
passa a ser entendida e cultivada como cultura. Para Hanna Arandet há uma
relação da crise na educação com a crise da autoridade, da tradição e da
cultura.
Em um mundo do
multiculturalismo se torna efetivamente impossível compreender e aceitar a
cultura diferente, exatamente pela rapidez com as culturas se modifica. A globalização
tem proporcionado um novo modo de ver a vida, onde o individuo pode acolher
elementos culturais de povos que estão do outro lado do mundo e assim criar um
modo totalmente novo de agir, totalmente rompido, desvinculado com o passado.
“Não estaria o homem
moderno fazendo apologia à amnésia, ao atribuir valor supremo a mudança?”
questiona Fonseca (2003). Por outro lado, se a educação é a preservação das
tradições e a transmissão da cultura, o que da cultura é o mais importante para
se transmitir? Que se deve selecionar para ensinar nas aulas de História?
O Currículo escolar
tenta responder a esses questionamentos, porém, ao fazê-lo não se leva em conta
o “Currículo Real”, que é construído com a “cultura escolar local” e com a “cultura
da vida cotidiana”.
A partir dos anos 60
e 70 se desenvolveu um pensamento crítico, radical, de oposição e
deslegitimador dos saberes históricos transmitidos na escola. Apple (1989) diz
que esse pensamento de deslegitimação dos saberes históricos da escola deixa de
apreciar a escola como espaço de produção de conhecimentos e a vêem apenas como
reprodutora do conhecimento acadêmico.
O “Currículo Real”
leva em conta que o Professor de História com sua vivência, com sua experiência
e situado em um determinado ambiente ou contexto, transforma um conjunto de
conhecimentos históricos em saberes ensináveis, fazendo emergir o plural ou
perpetuando o singular, os estereótipos e mitos. E por outro lado o professor de História não opera no vazio, os
alunos trazem consigo um conjunto de saberes próprios que ao entrar em contato
com os saberes ensinados na escola, acaba pro produzir resultados que não
constam nos manuais de educação.
Portanto, Fonseca (2003) analisa que não basta
introduzir novos temas no currículo, nem novos conteúdos multiculturais, que
rapidamente se tornam ultrapassados, mas é preciso sondar o “Currículo Real”
que é diariamente reconstruído no cotidiano escolar. Com as novas propostas de
eixo temático e multiculturalismo, torna-se urgente, e imperativo que faça uma
mudança pedagógica para abranger a formação docente inicial e dar capacitação
para os docentes que já estão atuando. Ou isso ou então mais uma vez estaria se
criando Leis e Normas que não poderão ser aplicadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Por um momento estivemos juntos, ligados pelas ideias. Foi muito bom! Nos encontramos em breve! Tchau!